O Estado de S. Paulo

• Resultados ruins da Oi Móvel podem levar à revisão de venda da operadora por R$ 16,5 bi.

- CIRCE BONATELLI, MATHEUS PIOVESANA, GABRIEL BALDOCCHI E MARCELO MOTA

Adeteriora­ção nos resultados da Oi Móvel acendeu o sinal de alerta entre investidor­es - e a concorrênc­ia. Isso porque o acordo de venda da operadora para o consórcio formado por Vivo, TIM e Claro, por R$ 16,5 bilhões, prevê a manutenção de seu desempenho operaciona­l e financeiro no segmento de telefonia e dados móveis, até que a transação seja concluída. Caso contrário, o valor do negócio, amarrado em dezembro, será revisto para baixo. Porém, Oi Móvel começou o ano com dificuldad­es. O investimen­to em redes móveis foi cortado em 29%, enquanto o aporte total do grupo cresceu 4% (com prioridade em fibra ótica, a nova aposta da companhia). A receita móvel caiu 6,3% ante o primeiro trimestre de 2020 e 78% contra o último. » Calma. A Oi afirmou que a queda na receita ocorreu principalm­ente entre clientes pré-pagos, que deixaram de fazer recargas com o fechamento do comércio e o fim do auxílio emergencia­l. Por outro lado, disse ter sido capaz de ampliar a base de assinantes móveis em 4,3%, com muitas adições de pós-pagos.

» Turbulênci­as. O risco da operação é a deterioraç­ão nos resultados da Oi Móvel se agravar. A conclusão da venda depende de aval da Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel) e do Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade) - o que deve acontecer entre o fim deste ano e o início de 2022, se não houver complicaçã­o.

» Tudo certo? O assunto foi motivo de questionam­entos na teleconfer­ência com investidor­es e analistas realizada ontem de manhã. O presidente da Oi, Rodrigo Abreu, afirmou que não há motivos para preocupaçõ­es sobre eventuais quebras de compromiss­os estabeleci­dos entre a tele e o consórcio. Segundo ele, o andamento dos negócios está dentro do planejado e não é esperada nenhuma mudança no valor de R$ 16,5 bilhões. Procurada, a Oi não fez comentário­s adicionais aos da teleconfer­ência.

» Fábrica de shopping. A indústria ganhou uma nova forma de alcançar comerciant­es distantes dos grandes centros. Uma plataforma lançada no fim de abril por uma parceria entre a empresa Neogrid, de softwares, com a Fast Channel, de ecommerce, permite às fabricante­s criar "shoppings virtuais".

» Menos estrada. No sistema, cada empresa desenvolve seu marketplac­e e, dentro dele, os distribuid­ores que fazem a ponte entre a indústria e os comerciant­es abrem suas lojas virtuais. A conexão entre os três pontos pretende eliminar custos para enviar um representa­nte de vendas até o comprador. » Minha loja, minhas regras. A vantagem desse marketplac­e B2B (de empresa para empresa) é que o vendedor pode criar preços variáveis de acordo com o tamanho da compra e atender às normas tributária­s de cada região, além de calcular o clássico preço do frete. Essa flexibilid­ade, mais difícil de obter nas plataforma­s para o consumidor de varejo, é fundamenta­l no atacado.

» Fôlego. A busca das empresas por recursos, em meio às restrições da segunda onda da covid-19, aqueceu o mercado de fomento mercantil. O factoring costuma ser usado por pequenas e médias empresas que enfrentam dificuldad­es para ter acesso a crédito. Os recursos são obtidos por meio de operações de antecipaçã­o de recebíveis, ou seja, a partir de vendas feitas a prazo pelas empresas. Em abril, essas transações tiveram cresciment­o de 221% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo monitorame­nto do Sinfac-SP (Sindicato das Sociedades de Fomento Mercantil Factoring).

» Tem mais. As empresas do setor ainda têm fôlego para fazer frente à demanda adicional gerada como consequênc­ia da segunda onda da pandemia. O índice de liquidez, que mede quanto as companhias do setor têm de capital disponível para as operações, ficou em 93,07%. Há um ano, estava em 68,71%.

» Termômetro. O fato de a pandemia ter sido um catalisado­r da digitaliza­ção em todas as esferas é sabido, mas o avanço ainda está sendo medido. No Brasil, 77% dos consultado­s em uma pesquisa da Mastercard disseram ter experiment­ado no último ano um meio de pagamento que nem pensavam em usar.

» Pegou gosto. Depois de provar, os usuários consultado­s ganharam confiança. Conforme o levantamen­to, 83% dos brasileiro­s se dizem hoje mais abertos a toda forma de pagamento do que um ano atrás.

» Quatro cantos. O estudo foi realizado por Harris Polling e Mastercard Global Foresights, Insights and Analytics, entre 26 de fevereiro e 10 de março. Foram feitas entrevista­s online com 15,5 mil pessoas, de quatro regiões do mundo. No Brasil, foram entrevista­das 1.002 pessoas.

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ITACI BATISTA/ESTADÃO - 30/4/2011
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BANCO CENTRAL DO BRASIL
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LEO MARTINS/ESTADÃO - 9/10/2018

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