Citados na delação que acusa Toffoli criticam Cabral
Ex-governador apontou suposta propina ao ministro do STF; Braga e Neto afirmam ser ‘acusações sem provas’
Apontados no acordo de colaboração premiada do ex-governador do Rio Sérgio Cabral como articulador e beneficiário dos supostos repasses ilegais ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, o ex-secretário de Obras Hudson Braga e o prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto (MDB), criticaram o delator.
Cabral disse à Polícia Federal que Toffoli, então ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), teria recebido R$ 3 milhões para beneficiar Neto em processo na Corte, e que o pagamento teria sido intermediado por Braga. Neto teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) em agosto de 2013, e o caso foi discutido pelo TSE em 2015.
Em abril, Toffoli compôs a maioria – de quatro votos a três – que resultou na confirmação do afastamento do prefeito do cargo. Dois meses depois, em junho, o tribunal analisou embargos de declaração apresentados pela defesa. Foi quando o ministro mudou de opinião e votou pelo retorno de Neto à prefeitura de Volta Redonda. Toffoli afirma em nota que jamais recebeu dinheiro ilegal.
Por meio de nota divulgada por seu advogado, Braga afirmou que jamais soube de pagamentos indevidos a Toffoli. O texto afirma ainda que Cabral está desesperado por causa de sua situação na Justiça – condenado a mais de 300 anos de prisão por corrupção e outros crimes, o ex-governador está preso desde novembro de 2016.
“Sérgio Cabral tenta se safar de suas responsabilidades, alterando suas estratégias. Ora negou os fatos, ora adotou manobras processuais e depois de ver a consolidação de suas penas, resolveu, por desespero, criar fatos para viabilizar sua colaboração premiada”, afirma o texto divulgado pelo advogado Roberto Pagliuso. “Nunca teve qualquer apreço pela verdade, nunca produziu qualquer prova de suas alegações mentirosas.”
Também por meio de nota, Neto afirmou que “não comentará mais acusações sem provas, feitas com motivações ainda desconhecidas.”
Com base nas afirmações de Cabral, a Polícia Federal enviou um até então inédito pedido ao STF de abertura investigação contra um ministro da Corte. O caso está sob análise do relator da Lava Jato na Corte, Edson Fachin.