Ciberataque deixa 17 mil postos sem gasolina.
Interrupção do funcionamento de oleoduto deixa 17 mil postos sem combustível
A Colonial Pipeline, operadora de um enorme oleoduto vítima de um ciberataque no fim de semana nos Estados Unidos, retomou ontem a entrega de gasolina na maioria de seus terminais, mas os postos voltaram a ser abastecidos muito lentamente.
Apesar dos avisos de autoridades e especialistas do governo, motoristas em pânico acabaram com os estoques de mais de 17 mil postos em todo o Sudeste do país, incluindo muitos que não teriam sido afetados pelo ataque hacker. Eles praticamente esvaziaram mais da metade dos postos de gasolina na Geórgia, Virgínia e nas Carolinas do Norte e do Sul.
A Colonial Pipeline reiniciou as operações na quarta-feira à noite e informou que os mercados deveriam esperar a chegada do combustível até o meio-dia de ontem após o que foi considerado o maior ataque cibernético nos EUA contra uma infraestrutura de energia. Mas a empresa, com sede em Alpharetta, Geórgia, alertou que pode levar alguns dias até que os gargalos na cadeia de abastecimento sejam resolvidos.
Ao mesmo tempo, o presidente americano, Joe Biden, se pronunciou sobre a situação e disse que o pânico na compra só aumentará a escassez. Ele tentou tranquilizar o país e disse que a situação no Sudeste provavelmente será resolvida nos próximos dias.
Embora o combustível de um oleoduto antes paralisado esteja “começando a fluir” novamente, disse Biden, muitas áreas “não sentirão os efeitos na bomba imediatamente”.
O reinício “não é como acender um interruptor de luz”, disse Biden, acrescentando que espera um “retorno à normalidade será região por região começando neste fim de semana e continuando na próxima semana”.
Biden fez as declarações em meio a críticas sobre c lidou com a situação. O governo lutou nesta semana para conter a escassez, o que levou os republicanos a abrir uma nova linha de ataque contra ele em uma questão que há muito representa perigo político para o Partido Democrata, que controla a Casa Branca.
Na quarta-feira, Biden assinou um decreto com o objetivo de reforçar as defesas digitais do governo para se proteger contra ataques futuros de hackers como o contra a Colonial Pipeline.
Ainda ontem, Biden disse que o presidente russo, Vladimir Putin, não está relacionado ao ataque, que partiu da Rússia, segundo Washington, mas tratará do assunto com o líder russo em uma esperada cúpula.
Os EUA acreditam que uma organização criminosa com sede na Rússia atacou o oleoduto da Colonial com o “ransomware”, programa de computador que infecta um sistema e exige resgate para devolver o controle a seu proprietário.
Quando questionado se Putin ou o governo russo estavam cientes do ataque, Biden fez uma pausa e disse: “Tenho certeza de que li o relatório do FBI com precisão e eles dizem que não estavam”.
Segundo relatório da agência Bloomberg, a empresa teria pago US$ 5 milhões aos hackers, informação que contradiz a versão do Washington Post, segundo a qual ela não teria desembolsado nada para ter seus sistemas liberados.
Na manhã de ontem, mais de 70% dos postos na Carolina do Norte permaneciam secos, e Estados distantes como Delaware e Kentucky sentiam a crise, disse Patrick De Haan, analista de petróleo da GasBuddy, acrescentando que a normalização do abastecimento pode demorar “várias semanas”. Motoristas desesperados da Flórida a Maryland faziam fila ontem em postos para encher seus tanques e recipientes. O analista explicou que o pânico impulsionou a demanda pela gasolina e fez aumentar seu preço em mais de 11% nesta semana. A média nacional do preço do galão de gasolina (cerca de 3,8 litros) ficou em US$ 3,02, seu nível mais alto desde 2014.