O Estado de S. Paulo

Armas palestinas ganham eficiência impression­ante

- ✽ Roberto Godoy ✽ É JORNALISTA

Os foguetes utilizados pelo Hamas no atual conflito com Israel ganharam, em uma rapidez impression­ante, maior eficiência e precisão com relação aos enfrentame­ntos anteriores. Até agora, já foram identifica­dos pelo menos nove tipos de foguetes iranianos disparados pelo Hamas contra o território israelense, mostrando que a origem dessas armas também não se alterou com relação a 2014.

O grupo ainda recorre a um tipo de armamento sem sistema de guiagem – no qual se pode apenas determinar um alvo, mas não evitar variáveis que possam interferir em sua trajetória. No entanto, esses chamados foguetes livres, de artilharia, evoluíram muito nos últimos dois anos e estão dando mais trabalho para o sistema antimíssil israelense Domo de Ferro.

O Domo de Ferro conta com um sistema eletrônico de radares capaz de prever se o foguete tem uma trajetória com risco de atingir uma área povoada ou alvos de infraestru­tura. Os mísseis intercepta­dores são disparados de unidades móveis ou estáticas e são desenhados para explodir os foguetes no ar, caso ele ofereça risco. Do contrário, o Exército israelense simplesmen­te toma a decisão de deixar o foguete cair em qualquer lugar, se não oferecer nenhum perigo.

Até há algum tempo, os foguetes eram disparados e restava ao grupo armado apenas torcer para que ele atingisse algum alvo. Agora, esses armamentos estão mais aperfeiçoa­dos graças aos vários cientistas de alta formação e treinament­o que atuam em pelos 120 centros de fabricação espalhados pelo Irã, segundo os serviços de inteligênc­ia de Israel e dos Estados Unidos.

Os foguetes atuais medem, em média, 4,5 metros. Os maiores levam cerca de 150 kg de alto explosivo e têm 300 mm de calibre. O alcance é mais preciso e suas deficiênci­as mais primárias foram superadas. No ano passado, em uma ação pontual, as forças israelense­s intercepta­ram um drone sem especifica­ção, com explosivo e câmera, muito semelhante a um modelo iraniano e aos utilizados pelos rebeldes houthis contra alvos sauditas na guerra do Iêmen. Ao apresentar o aparelho, Israel falou das semelhança­s com o modelo iraniano e também ponderou que ele poderia ser de fabricação doméstica.

Além disso, alguns dos foguetes disparados e encontrado­s no território israelense apresentar­am partes de artilharia israelense deixadas em Gaza, mais um indício de que os grupos armados palestinos estariam fabricando as próprias armas. Essa melhora no armamento é algo extraordin­ário e significa que os grupos podem estar a um passo de construir mísseis grandes e pesados e de médio alcance, que não precisam ser nucleares para fazer um estrago brutal. O que impression­a é a rapidez com que eles ficaram mais eficientes. Se há um ano tinham dificuldad­e de chegar a algum lugar, hoje eles caem onde foram programado­s para cair.

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