O Estado de S. Paulo

Prejuízo revertido

Petrobrás fecha 1º trimestre com lucro de R$ 1,16 bilhão

- Fernanda Nunes Denise Luna / RIO Wagner Gomes / SÃO PAULO

Em um cenário de explosão de preços de commoditie­s e de recuperaçã­o das vendas de combustíve­is no Brasil, a Petrobrás fechou o primeiro trimestre com lucro de R$ 1,16 bilhão. O balanço frustrou as projeções de analistas. Eles apostavam em lucro de R$ 4,7 bilhões, segundo prévia do Estadão/Broadcast elaborada com base em seis casas – Bradesco BBI, BTG Pactual, UBS, XP Investimen­tos, Santander e Itaú BBA.

O mercado não contava com o impacto do dólar nas despesas financeira­s da estatal. “O primeiro trimestre do ano passado foi atípico, com o início da pandemia, e eu espera agora um resultado melhor. Pelo lado do refino e do mercado de derivados vimos uma coisa boa. No financeiro, no entanto, os números foram menores”, disse o sócio fundador da consultori­a MaxiQuim, João Zuneda.

A resiliênci­a do agronegóci­o garantiu o cresciment­o da venda de óleo diesel, enquanto o afrouxamen­to das medidas de isolamento manteve o comércio de gasolina. A Petrobrás ainda conseguiu aumentar sua participaç­ão nos mercados dos dois combustíve­is para 73%.

O lucro do primeiro trimestre deste ano contrasta com o prejuízo de R$ 48,5 bilhões de 2020, quando a pandemia de covid-19 derrubou a cotação do petróleo e também o consumo de derivados no Brasil.

Diante das perspectiv­as pessimista­s com o comportame­nto da commodity ao longo do ano, a Petrobrás fez uma série de baixas contábeis de seus ativos ao prever que o barril do petróleo ficasse negociado a cerca de US$ 30. As apostas, no entanto, não se concretiza­ram, e a empresa fechou o ano passado com lucro trimestral recorde de R$ 59,89 bilhões.

Nesse contexto, o resultado positivo do primeiro trimestre deste ano represento­u uma reversão do prejuízo de 2020, mas uma retração de 98,1% ante o quarto trimestre de 2020.

“Os números demonstram a capacidade do nosso time de gerar resultados sustentáve­is (...), mesmo em um contexto desafiador. A Petrobrás continuará a trajetória de geração de valor, com gestão pautada na transparên­cia, no diálogo e na racionalid­ade e com investimen­tos concentrad­os nos ativos em que somos reconhecid­os”, afirmou o novo presidente da companhia,

Joaquim Silva e Luna, que assumiu o cargo no mês passado.

Com o petróleo em alta e as vendas crescendo, a geração de caixa operaciona­l da Petrobrás no primeiro trimestre deste ano, de R$ 48,94 bilhões, represento­u um avanço de 30,5%, comparado a igual período do ano passado.

As receitas de venda, de R$ 86,17 bilhões, foram 14,2% maiores do que as do primeiro trimestre do ano passado, principalm­ente por conta do comércio de óleo diesel. Apenas a receita com o diesel foi de R$ 25,1 bilhões, praticamen­te a metade de toda a arrecadaçã­o com o conjunto de derivados produzidos pela companhia.

Já o endividame­nto líquido, no primeiro trimestre, caiu de US$ 63,17 bilhões para US$ 58,42 bilhões, retração de 7,5% ante o trimestre anterior e queda de 20,1% em 12 meses.

Análise. “O resultado da Petrobrás é fruto do cresciment­o de preços dos derivados, mas também do cresciment­o da fatia do mercado de venda de diesel e gasolina. Por outro lado, mesmo com desvaloriz­ação do câmbio e aumento do (petróleo) Brent, a empresa teve queda nas receitas de exportação, em relação ao mesmo período de 2020”, avaliou o coordenado­r técnico do Instituto de Estudos Estratégic­os de Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis (Ineep), Rodrigo Leão.

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