Prejuízo revertido
Petrobrás fecha 1º trimestre com lucro de R$ 1,16 bilhão
Em um cenário de explosão de preços de commodities e de recuperação das vendas de combustíveis no Brasil, a Petrobrás fechou o primeiro trimestre com lucro de R$ 1,16 bilhão. O balanço frustrou as projeções de analistas. Eles apostavam em lucro de R$ 4,7 bilhões, segundo prévia do Estadão/Broadcast elaborada com base em seis casas – Bradesco BBI, BTG Pactual, UBS, XP Investimentos, Santander e Itaú BBA.
O mercado não contava com o impacto do dólar nas despesas financeiras da estatal. “O primeiro trimestre do ano passado foi atípico, com o início da pandemia, e eu espera agora um resultado melhor. Pelo lado do refino e do mercado de derivados vimos uma coisa boa. No financeiro, no entanto, os números foram menores”, disse o sócio fundador da consultoria MaxiQuim, João Zuneda.
A resiliência do agronegócio garantiu o crescimento da venda de óleo diesel, enquanto o afrouxamento das medidas de isolamento manteve o comércio de gasolina. A Petrobrás ainda conseguiu aumentar sua participação nos mercados dos dois combustíveis para 73%.
O lucro do primeiro trimestre deste ano contrasta com o prejuízo de R$ 48,5 bilhões de 2020, quando a pandemia de covid-19 derrubou a cotação do petróleo e também o consumo de derivados no Brasil.
Diante das perspectivas pessimistas com o comportamento da commodity ao longo do ano, a Petrobrás fez uma série de baixas contábeis de seus ativos ao prever que o barril do petróleo ficasse negociado a cerca de US$ 30. As apostas, no entanto, não se concretizaram, e a empresa fechou o ano passado com lucro trimestral recorde de R$ 59,89 bilhões.
Nesse contexto, o resultado positivo do primeiro trimestre deste ano representou uma reversão do prejuízo de 2020, mas uma retração de 98,1% ante o quarto trimestre de 2020.
“Os números demonstram a capacidade do nosso time de gerar resultados sustentáveis (...), mesmo em um contexto desafiador. A Petrobrás continuará a trajetória de geração de valor, com gestão pautada na transparência, no diálogo e na racionalidade e com investimentos concentrados nos ativos em que somos reconhecidos”, afirmou o novo presidente da companhia,
Joaquim Silva e Luna, que assumiu o cargo no mês passado.
Com o petróleo em alta e as vendas crescendo, a geração de caixa operacional da Petrobrás no primeiro trimestre deste ano, de R$ 48,94 bilhões, representou um avanço de 30,5%, comparado a igual período do ano passado.
As receitas de venda, de R$ 86,17 bilhões, foram 14,2% maiores do que as do primeiro trimestre do ano passado, principalmente por conta do comércio de óleo diesel. Apenas a receita com o diesel foi de R$ 25,1 bilhões, praticamente a metade de toda a arrecadação com o conjunto de derivados produzidos pela companhia.
Já o endividamento líquido, no primeiro trimestre, caiu de US$ 63,17 bilhões para US$ 58,42 bilhões, retração de 7,5% ante o trimestre anterior e queda de 20,1% em 12 meses.
Análise. “O resultado da Petrobrás é fruto do crescimento de preços dos derivados, mas também do crescimento da fatia do mercado de venda de diesel e gasolina. Por outro lado, mesmo com desvalorização do câmbio e aumento do (petróleo) Brent, a empresa teve queda nas receitas de exportação, em relação ao mesmo período de 2020”, avaliou o coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Rodrigo Leão.