O Estado de S. Paulo

Equipe econômica vai ao STF defender autonomia do BC

- Idiana Tomazelli Rafael Moraes Moura/ BRASÍLIA

A equipe econômica foi a campo para defender a constituci­onalidade da lei que instituiu a autonomia do Banco Central. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, esteve com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, para apresentar argumentos favoráveis à manutenção da lei. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também tem procurado os ministros da Corte para sensibiliz­álos em relação ao tema.

A lei que estabelece­u a autonomia formal do BC virou alvo de uma ação do PSOL e do PT, que questionar­am o fato de o projeto que originou a norma legal ter sido apresentad­o pelo Legislativ­o, e não pelo Executivo. O alerta disparou quando o procurador-geral da República, Augusto Aras, emitiu parecer concordand­o que a lei é inconstitu­cional devido ao “vício de iniciativa no processo legislativ­o”.

O parecer de Aras e a possibilid­ade de uma decisão desfavoráv­el do STF foram considerad­os “muito ruins” pela equipe econômica, por ameaçar uma lei considerad­a fundamenta­l para a estabilida­de de preços na economia.

Projeto. O governo chegou a enviar um projeto próprio para instituir a autonomia do BC em abril de 2019, mas o texto ficou parado na Câmara dos Deputados. O governo então decidiu investir na votação de um projeto originalme­nte apresentad­o pelo senador Plínio Valério (PSDBAM). Esse texto foi aprovado no Senado e seguiu para a Câmara, onde foi apensado à proposta do governo. Após a votação dos deputados, seguiu para a sanção do presidente Jair Bolsonaro em fevereiro deste ano.

No parecer, Aras afirmou que a inconstitu­cionalidad­e atinge a integralid­ade da lei devido a seu vício de origem. A iniciativa da matéria era privativa do presidente da República.

Na reunião no STF, segundo apurou o Estadão/Broadcast, Campos Neto argumentou que a autonomia traz impactos positivos para o mercado e para a sociedade e que o País não pode perder a oportunida­de de assegurar essa autonomia ao BC. Fux, por sua vez, se mostrou sensível aos argumentos próautonom­ia, segundo relatos colhidos pela reportagem.

Na visão do ministro, há preocupaçã­o com o impacto de uma eventual decisão desfavoráv­el do STF, que desmontari­a um “trabalho de Estado” feito pela atual equipe econômica para convencer o governo a “abrir mão” do BC.

O relator do caso é o ministro Ricardo Lewandowsk­i. Como mostrou o Estadão, Lewandowsk­i avalia enviar a ação ao plenário virtual da Corte.

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