BNDES tem ganho de R$ 9,8 bi após vender ações de Vale e Klabin
Lucro da instituição subiu 78% no 1º trimestre; banco ainda tem fatias relevantes na Petrobrás, na Eletrobrás e na JBS
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou lucro líquido de R$ 9,8 bilhões no primeiro trimestre, alta de 78% ante igual período de 2020. O resultado foi impulsionado pela venda de participações acionárias em grandes companhias, como a mineradora Vale e a fabricante de papel e celulose Klabin, e pelo aumento nas concessões de empréstimos.
No primeiro trimestre, o BNDES vendeu um total de R$ 12,6 bilhões em ações, incluindo a venda de todas as ações que ainda possuía da Vale. Com isso, a carteira de participações societárias encerrou o primeiro trimestre em R$ 61,5 bilhões, 21,1% abaixo do quarto trimestre de 2020.
O banco ainda tem fatias relevantes na Petrobrás, na Eletrobrás, na JBS e na elétrica Copel. O presidente do banco, Gustavo Montezano, reafirmou a intenção de continuar vendendo essas ações – o BNDES já confirmou que fará uma oferta dos papéis da Copel.
Excluídos os efeitos extraordinários, como a venda das ações, o resultado recorrente do BNDES foi positivo em R$ 2,4 bilhões no primeiro trimestre de 2021, estável em comparação ao mesmo período de 2020.
No crédito, os desembolsos para empréstimos já aprovados, ainda turbinados pela alta das contratações por causa das medidas emergenciais relativas à pandemia de covid-19, somaram R$ 11,3 bilhões nos três primeiros meses do ano, alta de 35% ante igual período de 2020. Em termos reais, descontada a inflação, a alta foi de 28,3%.
Apesar do salto, os desembolsos foram historicamente baixos. No primeiro trimestre de 2020, os R$ 8,9 bilhões liberados pelo BNDES foram o menor valor desde o primeiro trimestre de 1997. O total desembolsado agora é ligeiramente inferior aos R$ 12,2 bilhões do primeiro trimestre de 2000 – e, sobre o primeiro trimestre de 2019, um tombo de 28,6%.
Nova direção. Como já divulgado anteriormente, em seu novo papel, o BNDES deixa para trás os empréstimos bilionários e os aportes gigantescos em grandes companhias, reafirmou Montezano.
Os desembolsos do primeiro trimestre foram historicamente baixos, mas 46% do total liberado (R$ 5,2 bilhões) foram em empréstimos para empresas de menor porte (micro, pequenas e médias) e 49% (R$ 5,6 bilhões) para projetos de infraestrutura. Esses serão os focos do BNDES agora, conforme o presidente da instituição.
“Durante quase duas décadas, o BNDES foi um monopolista, distribuindo subsídios vultosos. Agora, tem de apoiar a infraestrutura ou pequenas e microempresas”, afirmou Montezano, durante a apresentação online dos resultados financeiros do primeiro trimestre.