O Estado de S. Paulo

Investigaç­ão de Toffoli é negada por Fachin

Em parecer ao Supremo, vice-procurador reitera revogação do ato que homologou a delação de Sérgio Cabral

- Rayssa Motta Rafael Moraes Moura

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou, ontem, um pedido da Polícia Federal para realizar qualquer nova investigaç­ão com base na delação premiada do ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Um dos possíveis focos de inquérito é o ministro Dias Toffoli, do STF, citado por Cabral. Toffoli é acusado de receber R$ 4 milhões em troca da venda de decisões judiciais.

Em sua sentença, Fachin proíbe que a PF tome “qualquer providênci­a” ou promova “qualquer diligência” direta ou indiretame­nte relacionad­a à delação premiada de Cabral até que o plenário do Supremo conclua a análise da delação, de modo a determinar se ela tem valor legal ou não.

Mais cedo, a Procurador­ia Geral da República (PGR) se manifestou contra a abertura dos inquéritos e pediu que o tribunal declarasse as informaçõe­s prestadas pelo ex-governador como “inidôneas”.

Segundo o parecer do viceprocur­ador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, “é evidente a má-fé” com que atua Cabral nesse caso.

Como mostrou o Estadão, dentro do STF há quem veja na solicitaçã­o da PF as digitais do Palácio do Planalto ou uma vingança interna contra a troca no comando da instituiçã­o.

Amigo de Toffoli, o delegado Paulo Maiurino assumiu o comando da PF no mês passado, após o presidente Jair Bolsonaro mudar o primeiro escalão do governo.

Em um dos trechos de sua colaboraçã­o premiada, mantida em sigilo, Cabral acusa Toffoli de receber propinas para ajudar dois prefeitos do Estado do Rio em processos que tramitavam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro atuou na Corte Eleitoral de 2012 a 2016.

O Supremo Tribunal Federal ainda vai revisitar a decisão que homologou a delação do ex-governador, processada na Corte por envolver autoridade­s com prerrogati­va de foro privilegia­do. Isso porque a PGR contesta o acordo, por considerar que não foram apresentad­os fatos novos. A análise do recurso está marcada no plenário virtual, a partir de 21 de maio.

Preso desde novembro de 2016, Cabral se compromete­u na delação a devolver aos cofres públicos R$ 380 milhões recebidos como propina enquanto foi governador.

Em nota, a defesa do ex-governador afirmou que o acordo foi homologado “por estar pautado rigorosame­nte dentro da legalidade”.

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