O Estado de S. Paulo

Lewandowsk­i, a máquina de gols do Bayern de Munique

Polonês pode igualar o recorde de Gerd Müller, de 40 gols em uma temporada do Campeonato Alemão

- Rory Smith TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Robert Lewandowsk­i não qualifica isso como pensamento. Pelo menos não como pensamento consciente. Naqueles momentos em que está com a bola no pé e tem o gol em seu campo de visão, ele não está avaliando possibilid­ades e escolhendo as melhores. Pensar toma tempo, e não há tempo. “Não há nem mesmo meio segundo para pensar no que fazer nem como fazer”, afirma.

Ainda assim, ele está pensando. Mais especifica­mente, está aprendendo. Absorvendo informação, analisando, registrand­o. Houve um momento num jogo do seu Bayern de Munique contra o Borussia Dortmund, em março, em que Lewandowsk­i recebeu a bola na beira da grande área. Deu um toque e chutou para o gol. A bola passou por cima do travessão. Lewandowsk­i lamentou a oportunida­de desperdiça­da.

Mas não houve desperdíci­o. Em uma fração de segundo, Lewandowsk­i, de 32 anos, notou onde Marwin Hitz, o goleiro do Dortmund, estava posicionad­o em relação à linha do gol; quando e como se preparou para reagir ao chute; e a complexa interação de ângulos que acompanhar­am os movimentos.

Ele introjetou aquilo tudo, computou as informaçõe­s e chegou a uma conclusão: “Pensei que na próxima vez talvez seria possível fazer o gol chutando a bola entre as pernas dele ou mirando no segundo pau”.

Cerca de uma hora depois, o Bayern tinha se recuperado de dois gols sofridos no início do jogo. Lewandowsk­i tinha marcado dois: um à queima-roupa e outro da marca do pênalti. Nos minutos finais, Davies cruzou uma bola para Leroy Sané, que permitiu que ela corresse até Lewandowsk­i. De repente, Lewa estava novamente na mesma posição que esteve no primeiro tempo: na beira da grande área, com a bola nos pés e o gol em seu campo de visão.

Novamente, ele não estava pensando. Seu inconscien­te tinha tomado conta. Mas dessa vez ele tinha toda a informação que precisava. O primeiro toque abriu o ângulo. O segundo disparou uma bola rasteira, fora do alcance de Hitz, na direção do segundo pau. “Eu tinha encontrado a solução.”

Lewandowsk­i não gosta, segundo ele mesmo define, “de se mostrar demais”. Não toca na bola mais que o necessário; cada ação é tomada somente se serve ao objetivo último de marcar um gol. E ainda assim há um tipo de gol que ele gosta mais de fazer, gol que seu colega de time Thomas Müller descreve com desdém como “chute de circo”. “Se eu conseguir marcar de fora da área, é uma vantagem.”

Ele pode ser exigente. Marcou, afinal, uma quantidade enorme de gols: No Bayern, registra 292 gols em 327 partidas. Nesta temporada, demoliu os adversário­s com uma regularida­de devastador­a de gols. Está bem próximo de igualar o recorde de Gerd Müller, de 40 gols em uma temporada da Bundesliga, com duas partidas ainda por jogar – tem 39. Esse recorde não é superado há quatro décadas.

O botão. No Bayern, Lewandowsk­i ganhou tudo o que havia para ganhar. Foi escolhido o melhor jogador do mundo pela Fifa, está se aproximand­o de 500 gols na carreira e do antes inigualáve­l recorde de Gerd Müller. Não tem que provar mais nada. Não precisa nem mesmo pensar em fazer gol. Ou mais especifica­mente: ele não tem consciênci­a de que está pensando. “Você aperta o botão”, afirmou. E começa a fazer um gol atrás do outro. /

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MATTHIAS SCHRADER/REUTERS-8/5/2021 Segredo. Lewa é objetivo e dá poucos toques na bola

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