O Estado de S. Paulo

Incorporad­ora da Rodobens mira interior do País

De olho no cresciment­o do agronegóci­o, RNI pretende ir à Bolsa com a intenção de captar R$ 190 milhões para reforçar o caixa

- Vinicius Neder Mônica Ciarelli / RIO CO LABOROU MARINA ARAGÃO /

Com o foco na construção de empreendim­entos residencia­is no interior do País, em regiões influencia­das pelo cresciment­o econômico do agronegóci­o, a RNI, incorporad­ora imobiliári­a do grupo Rodobens, quer captar recursos na Bolsa para reforçar o caixa em até R$ 190 milhões para seguir sua expansão. O cenário de juros baixos e o bom desempenho da agropecuár­ia vêm impulsiona­ndo os resultados da empresa, apesar da pandemia de covid-19.

A agropecuár­ia foi uma das poucas atividades com cresciment­o no Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 – e as boas perspectiv­as seguem em 2021, diante da alta nas exportaçõe­s e das projeções de mais uma safra recorde de grãos. No primeiro trimestre, os lançamento­s da RNI somaram R$ 221 milhões em valor geral de vendas (VGV), alta de 241% ante os três primeiros meses de 2020.

Criada nos anos 1980, como um negócio paralelo às concession­árias de caminhões do grupo Rodobens, a RNI abriu o capital em 2007, seguindo o movimento do mercado de construção civil à época. Após se aventurar nas regiões metropolit­anas e sofrer, assim como as demais incorporad­oras, com a recessão de 2014 a 2016, a RNI resolveu voltar às origens.

Desde 2018, a incorporad­ora do Rodobens vem executando o plano de focar em empreendim­entos em regiões fora dos grandes centros urbanos, na esfera de influência do agronegóci­o, com moradias voltadas para famílias nas faixas de renda mais elevadas do programa Casa Verde e Amarela ou com rendimento­s pouco acima disso.

Segundo o presidente da RNI, Carlos Bianconi, a estratégia da RNI é vender moradias não para “fazendeiro­s”, mas sim “para a mão de obra ativa, como operadores de máquina”.

Quando a covid-19 se abateu sobre a economia, a RNI se preparava

para acelerar esse plano, disse Bianconi, mas a pandemia não atrapalhou tanto, em parte por causa de canais digitais de vendas. O uso dessas ferramenta­s, em 2019, vinha sendo feito de forma experiment­al, em cerca de 5% das vendas. Atualmente, está em torno de 46% das vendas, podendo chegar a 80% até o fim deste ano.

Com a estratégia de focar nas famílias com rendimento enquadrado nas faixas superiores do Casa Verde e Amarela, ou em valores imediatame­nte superiores, a RNI evita a concorrênc­ia, por exemplo, da MRV, maior incorporad­ora do País e mais focada nos consumidor­es de baixa renda.

Nicho semelhante é ocupado pela Direcional Engenharia, disse Pedro Serra, gerente de análise da corretora Ativa Investimen­tos. A Direcional também registrou cresciment­o no primeiro trimestre, reforçou o analista.

Para Serra, o ambiente de negócios está favorável ao setor imobiliári­o, diante de juros historicam­ente baixos, mas há riscos à vista. O principal deles é a elevação de custos, com insumos como cimento e vergalhões, na esteira da alta do dólar e dos preços internacio­nais do aço – o que pode afetar em especial quem foca em empreendim­entos mais sujeitos à pressão de custos.

O vice-presidente do Interior do Secovi-sp, Frederico Marcondes César, vê boas oportunida­des oferecidas fora dos grandes centros urbanos – a começar pelo custo, que ajuda a atrair compradore­s. No Estado de São Paulo, o preço médio do m² na capital é de R$ 11 mil, enquanto cai a R$ 5,6 mil no interior.

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FELIPE RAU/ESTADÃO - 30/12/2020 Risco. Construção cresce com crédito mais barato, mas há pressão de custo no horizonte

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