Crianças morrem em ataques a Gaza
Prédio abrigava escritórios de empresas de mídia e apartamentos; ele veio ao chão depois de um aviso de uma hora para ser isolado
Um míssil da Força Aérea de Israel destruiu ontem um prédio na Faixa de Gaza que era usado pela agência de notícias Associated Press e pela rede de TV Al-Jazeera. O ataque ocorreu uma hora depois de militares avisarem o ocupantes de que ele seria alvo por supostamente abrigar militantes do Hamas. Não há relatos de vítimas.
O ataque provocou protestos da AP, da Al-Jazeera e de outras entidades jornalísticas, além de alertas da Casa Branca. No fim do dia, o premiê Binyamin Netanyahu telefonou para o presidente americano, Joe Biden, para explicar a operação.
“Israel está fazendo o possível para evitar qualquer dano aos envolvidos”, disse o gabinete de Netanyahu em nota. “O fato de os prédios terem sido isolados é prova disso.”
A Casa Branca disse que é dever dos israelenses garantir a segurança de jornalistas em Gaza. “Essa responsabilidade é de uma importância capital”, afirmou a porta-voz Jen Psaki.
A AP criticou o ataque. “O mundo saberá menos o que ocorre em Gaza em virtude do que aconteceu hoje”, disse em nota o presidente da empresa, Gary Pruitt. “Estamos horrorizados com o fato de o Exército Israelense ter feito isso. É um fato perturbador. Evitamos mortes por pouco.”
“A Al-Jazeera não será silenciada”, disse uma apresentadora no ar. “Isso nós podemos garantir.”
A justificativa israelense de que o Hamas operava no prédio não veio acompanhada de provas. O prédio também abrigava apartamentos residenciais e era ocupado pela AP há 15 anos.
O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) criticou o ataque e exigiu provas documentais que justifiquem a ação. “Esse ataque levanta a suspeita de que o Exército israelense está atacando meios de comunicação deliberadamente com o objetivo de atrapalhar a cobertura dos ataques em Gaza”, disse em comunicado.
A France Presse expressou sua solidariedade com colegas da Associated Press e da Al Jazeera. “Estamos profundamente chocados com o fato de que os escritórios da mídia estão sendo atacados dessa forma”, disse o diretor de informação da agência, Phil Chetwynd.
Em 2012, o prédio que abrigava o escritório da AFP em Gaza foi atingido por mísseis israelenses, mas os jornalistas presentes – três andares abaixo do impacto – saíram ilesos.