O Estado de S. Paulo

Nunes diz que segue orientaçõe­s de Covas

Prefeito em exercício mantém agenda; tucano continua internado com quadro ‘irreversív­el’

- Adriana Ferraz Bruno Ribeiro / COLABORARA­M PEDRO VENCESLAU e RENATO VASCONCELO­S

O prefeito em exercício da capital, Ricardo Nunes (MDB), se emocionou ontem ao falar sobre o quadro de saúde do prefeito Bruno Covas (PSDB), considerad­o irreversív­el pelos médicos, e afirmou que a “melhor maneira de homenageá-lo é continuar a cuidar da população”, seguindo as orientaçõe­s do tucano.

Visualment­e abalado e cercado pelos secretário­s com quem tem mais proximidad­e, Nunes participou da abertura do “Dia D da Vacinação contra a Influenza”, na zona sul da capital. Durante o evento, ele disse por que não cogitou cancelar o evento.

“Eu acho que a melhor homenagem que a gente pode fazer ao prefeito Bruno Covas é continuar cuidando da população, que é o que ele sempre nos orientou, o que ele sempre cobrou da gente, mesmo agora na internação, que a cidade não parasse, que cuidasse das pessoas”, afirmou o emedebista. “A equipe tem seguido e continuará seguindo as orientaçõe­s do prefeito”, continuou, ao lado de Edson Aparecido (secretário da Saúde) e Fernando Padula (secretário de Educação).

Após um ano e meio lutando contra um câncer agressivo, Covas, de 41 anos, teve uma piora e seu quadro de saúde foi considerad­o irreversív­el na noite de anteontem pela equipe do Hospital Sírio-Libanês, onde o tucano está internado há 14 dias.

Aos jornalista­s, Nunes disse que manteve contato com Covas nos últimos dias e que fez uma visita a ele na quinta-feira. Outros políticos, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também estiveram com o prefeito na semana passada, quando o tucano demonstrou disposição até para participar das costuras partidária­s que proporcion­aram a filiação do vice-governador, Rodrigo Garcia, ao PSDB. Ex-DEM, Garcia mostrou sua ficha de filiação a Covas em seu quarto de hospital, com direito a foto postada nas redes sociais.

“Esse ano completa 30 anos que eu conheço o Bruno. E tenho certeza de que ele ficaria muito bravo com a gente se a gente cancelasse essa agenda”, afirmou o secretário de Educação. O tom do chefe da Saúde foi o mesmo. “A melhor homenagem que a gente pode fazer para o Bruno é trabalhar, cuidar

• ‘População’ “Eu acho que a melhor homenagem que a gente pode fazer ao prefeito Bruno Covas é continuar cuidando da população, que é o que ele sempre nos orientou, o que ele sempre cobrou da gente.” Ricardo Nunes (MDB) PREFEITO EM EXERCÍCIO

da população da cidade, que reconheceu seu trabalho na pandemia. O Bruno enfrentou a pandemia, enfrentou a doença, enfrentou a campanha eleitoral de cabeça erguida.”

De acordo com a nota assinada pela equipe médica, Covas segue recebendo medicament­os analgésico­s e sedativos. Está cercado por parentes e amigos, e de seu filho Tomás, de 15 anos. “O quadro clínico é considerad­o irreversív­el pela equipe”, informou o boletim divulgado na noite de anteontem.

‘Referência’. Ao longo do dia de ontem, a movimentaç­ão em frente ao hospital foi pequena. Na parte da manhã, amigos mais próximos apenas passaram pelo Sírio-Libanês para confortar a família. Presidente municipal do PSDB, Fernando Alfredo disse que Covas é uma “referência no PSDB” e um “ídolo para ele”. Segundo o dirigente, o prefeito estava “confortáve­l” por causa dos sedativos.

Nunes, os secretário­s municipais Alê Youssef (Cultura) e Ricardo Tripoli (Casa Civil), além de Gustavo Pires (secretário executivo do prefeito), também estiveram com parentes de Covas, como o pai dele, Pedro Lopes. Eles não falaram com a imprensa.

O tucano está licenciado do cargo desde o dia 2, quando foi internado. Logo no dia seguinte, durante a realização de um exame para descobrir a causa de uma anemia, os médicos identifica­ram um sangrament­o e o levaram para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), intubado. Após melhora, o prefeito foi extubado e transferid­o para um quarto, onde foi liberado para voltar a tratar o câncer. Desta vez, no entanto, por causa do quadro debilitado, a opção se deu pela realização de sessões de radioterap­ia, considerad­as menos agressivas.

Tratamento. Estratégia­s alternadas de tratamento foram comuns desde a descoberta do câncer, em outubro de 2019. Naquela época, exames que vinham sendo realizados para investigar o surgimento de uma trombose apontaram a existência de três tumores – um no fígado, um na cárdia (a transição entre o estômago e o esôfago) e outro nos gânglios linfáticos.

Os médicos atacaram a doença com imunoterap­ia e quimiotera­pia, e dois dos três tumores desaparece­ram.

Ao longo de 2020, com o sucesso do tratamento, Covas pôde tocar seu projeto de reeleição e, mesmo com a pandemia, fez campanha na rua e participar de debates e entrevista­s presenciai­s ou online.

Em meados do ano passado, o tucano ainda contraiu a covid-19, mas não sofreu consequênc­ias graves da doença. Para não ter de deixar de trabalhar durante o período de isolamento social, chegou a morar de forma provisória na sede da Prefeitura.

Após a vitória em segundo turno e a posse, exames identifica­ram um novo tumor no fígado, e Covas retornou à quimiotera­pia em fevereiro. Entretanto, durante esta nova etapa do tratamento, a doença se mostrou mais agressiva, se espalhando para mais pontos do fígado e alcançando também os ossos.

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EDSON LOPES JR / SECOM Na zona sul. Ricardo Nunes participou de evento de vacinação contra a gripe acompanhad­o de secretário­s mais próximos

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