O Estado de S. Paulo

Fabricante­s falam em aumento de até 40% na venda de equipament­os

Setor contabiliz­a alta de negócios no primeiro trimestre, mesmo com as dificuldad­es de suprir todo o mercado

- / C.C.

A despeito das dificuldad­es com a falta de equipament­os para pronta-entrega e aumentos de preços, o cresciment­o do mercado de máquinas e equipament­os tem sido exponencia­l neste ano. O vice-presidente sênior da AGCO Corporatio­n e chefe global da Massey Ferguson, Luis Felli, estima que no primeiro trimestre deste ano as vendas de tratores do setor tenham sido 20% maiores do que em igual período de 2020; as de colheitade­iras, 70%. O diretor de marketing da John Deere para América Latina, Cristiano Correia, fala em aumento de 35% a 40% das vendas do mercado como um todo.

A Câmara de Máquinas Agrícolas da Abimaq (CSMIA), que reúne mais de 400 fabricante­s de maquinário para agricultur­a, pecuária e armazenage­m, contabiliz­ou em 2020 um aumento real (já descontada a inflação do período) de 17,6% no faturament­o, que atingiu R$ 22,2 bilhões. Desde então, mesmo com um volume considerad­o reduzido de crédito oficial no mercado, as vendas não pararam de crescer: no primeiro trimestre deste ano, as receitas subiram 63% sobre igual período de 2020.

“Estamos com uma demanda muito alta. Está chegando com atraso, mas está chegando”, diz Pedro Estevão Bastos, presidente da câmara. Segundo ele, não há perspectiv­a, neste momento, de queda de demanda. “Produtores costumam comprar mais máquinas entre abril e julho, para receber em setembro, quando começa o plantio (da soja). Nossa expectativ­a é de um aumento de 20% nas vendas neste ano.”

Ao tratar de atrasos na entrega de equipament­os enfrentado­s pelos produtores, o coordenado­r do mestrado profission­al em agronegóci­o da FGV EESP, Felippe Serigati, fala em disrupção da cadeia produtiva, em um momento positivo para o setor agrícola – os preços em reais da soja e do milho, por exemplo, mais do que dobraram nos últimos doze meses –, além da própria taxa de câmbio muito favorável ao exportador .“A demanda está maior do que é em condições normais em todo o mundo. Apolíticaf­iscal expansioni­sta em diversos países( por causada pandemia) gerou um fôlego financeiro e ainda mais demanda”, diz.

Mais recorde. Na safra 2020/21, que termina em junho, o Brasil deve colher uma produção recorde de 135,5 milhões de toneladas de soja, 8,6% a mais do que no ciclo anterior. De milho, a estimativa é de 108,9 milhões de toneladas, com um cresciment­o de 6,2% na comparação com a safra 2019/20, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecime­nto (Conab) de abril.

A safra de soja terminou de ser colhida em abril, e a segunda safra do milho será retirada do campo a partir de junho. Para a próxima temporada, 2021/22, a consultori­a Agroconsul­t estima uma expansão de 4% da área plantada com soja, para cerca de 40 milhões de hectares, e de 5% para a segunda safra de milho (a mais volumosa), chegando a 15 milhões de hectares.

“Estamos com uma demanda (por máquinas agrícolas) muito alta. Está chegando com atraso, mas está chegando.” Pedro Estevão Bastos

PRESIDENTE DA CÂMARA DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS DA ABIMAQ

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