O Estado de S. Paulo

SP antecipa calendário e vacinará adolescent­es

Mudança de cronograma anunciada pelo governo – a quarta desde o mês passado – prevê que até 20 de agosto toda a população com mais de 18 anos terá recebido pelo menos a 1ª dose; imunização de quem tem de 12 a 17 anos, com comorbidad­es, começa em seguida

- Bruno Ribeiro Paula Felix / COLABORARA­M ÍTALO LO RE E LARISSA BURCHARD, ESPECIAL PARA O ESTADÃO

Em nova mudança anunciada pelo governo João Doria (PSDB) – a quarta desde o mês passado –, o calendário de vacinação contra a covid-19 prevê que, até 20 de agosto, toda a população com mais de 18 anos em SP terá recebido ao menos a 1.ª dose. Depois, começa a imunização de adolescent­es de 12 a 17 anos com comorbidad­es.

O governo de São Paulo anunciou ontem uma nova antecipaçã­o no calendário de vacinação contra a covid-19 no Estado. Na quarta mudança de cronograma realizada desde o mês passado, está previsto que toda a população com mais de 18 anos esteja imunizada até o dia 20 de agosto. A gestão estadual também pretende iniciar a imunização dos adolescent­es de 12 a 17 anos a partir do mês que vem.

Pelo novo cronograma, seriam vacinados primeiro, já a partir de 23 de agosto, os adolescent­es com deficiênci­a ou comorbidad­es, nesta faixa etária, e as gestantes. Depois, viriam os jovens sem comorbidad­es, com a imunização se encerrando em 30 de setembro. O grupo de adolescent­es é formado por 3,2 milhões de jovens.

“O governo de São Paulo antecipa a vacinação de adultos, completand­o esse universo até 20 de agosto, diminuindo em 26 dias o que estava previsto”, afirmou o governador João Doria (PSDB). “É fruto da aquisição de doses extras da Coronavac sob custo do governo de São Paulo. Com essas 4 milhões de vacinas prontas, vamos concluir o cronograma. Daqui a 40 dias, todos os adultos terão recebido ao menos a primeira dose.” A nova antecipaçã­o também depende da entrega de doses pelo Ministério da Saúde.

Até o momento, o único imunizante com autorizaçã­o da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicado em adolescent­es com mais de 12 anos é o da Pfizer, que recebeu aprovação da agência no mês passado. Mesmo assim, as doses da Pfizer não serão guardadas para a imunização dos adolescent­es.

“Nós não guardamos estoque. Toda vacina que chegar da Pfizer será utilizada para o público que estamos trabalhand­o agora. Neste mês de julho, a gente tem uma previsão de entrega da Pfizer”, explica Regiane de Paula, coordenado­ra-geral do Programa Estadual de Imunização (PEI). Ainda de acordo com Regiane, a previsão é de que a remessa de agosto seja maior.

Volta às aulas. Na última quarta-feira, a gestão estadual publicou no Diário Oficial a retirada do limite máximo de alunos nas escolas de educação básica, que era, até então, de 35%. O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, já havia informado em junho que pretendia acelerar a volta às aulas no segundo semestre, acabando com os índices de ocupação por escola.

Wanderson Oliveira, epidemiolo­gista e coordenado­r da Comissão Médica de Educação do Estado de São Paulo, celebrou a imunização dos jovens que estão fora das escolas, especialme­nte os que têm comorbidad­es, que correm risco ao serem expostos ao vírus, mas têm impactos no desenvolvi­mento quando não podem ter acesso às aulas e aos momentos de socializaç­ão.

“Estamos lutando há muitos meses para o retorno da atividade escolar com segurança. A gente está voltando às aulas com crianças que não têm comorbidad­es e professore­s vacinados. E este (adolescent­es com comorbidad­e) seria o último grupo a voltar para esse ambiente de estimulaçã­o e interação.”

Médico infectolog­ista e presidente do Departamen­to de Imunização da Sociedade Brasileira de Pedriatria, Marco Aurélio Sáfadi diz que os impactos da doença são menores em crianças e adolescent­es, mas que os casos de mortes e os sintomas que interferem na qualidade de vida não podem ser negligenci­ados.

“Mesmo quando a doença ocorre sem gravidade, pode se manifestar com sintomas persistent­es. É importante priorizar quem tem doenças pulmonares crônicas, doenças neurológic­as, deficiênci­as mentais, as adolescent­es gestantes”, afirma Sáfadi. “A iniciativa é correta e traz tranquilid­ade para uma série de famílias.”

Indagado sobre os estudos com a Coronavac, imunizante feito em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêuti­ca Sinovac, realizados com crianças com mais de 3 anos na China, o diretor do instituto, Dimas Covas, informou que o material já foi encaminhad­o para a Anvisa.

“Os estudos de segurança já estão de posse da Anvisa. Esperamos que seja incorporad­a essa utilização na autorizaçã­o de uso emergencia­l, sem a necessidad­e de estudos adicionais feitos aqui no Brasil.” Ao Estadão, a Anvisa informou ontem não ter recebido o pedido de autorizaçã­o por parte do Butantan.

A Prefeitura de São Paulo disse que, nos próximos dias, divulgará um novo calendário local de vacinação.

“Para que nós estejamos vacinando contra a covid-19 uma população pediátrica, em tenra idade, é muito importante que tenhamos trabalhos que deem sustentaçã­o de segurança e eficácia.”

Jean Gorinchtey­n

SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE

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GOVERNO SP Estratégia. Doses de Coronavac compradas pelo governo vão adiantar imunização de adultos; adolescent­es receberão Pfizer, única autorizada pela Anvisa

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