O Estado de S. Paulo

CPI avança em compras suspeitas de vacinas

Comissão ouve nesta semana testemunha­s ligadas a casos da Covaxin e da Astrazenec­a

- André Shalders

A CPI da Covid no Senado tentará nesta semana avançar nas investigaç­ões das suspeitas de corrupção que envolvem a compra das vacinas da Covaxin e da Astrazenec­a. Amanhã, o depoimento é de uma testemunha ligada ao caso da vacina indiana, enquanto na quarta e na quinta-feira estão marcadas oitivas de pessoas que participar­am da suposta tentativa de venda de 400 milhões de unidades da Astrazenec­a ao Ministério da Saúde pela empresa norte-americana Davati Medical Supply. Relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) disse ao Estadão esperar novas revelações.

Amanhã, a oitiva é de Emanuela Medrades, diretora técnica da Precisa Medicament­os. A empresa atuou como intermediá­ria entre o laboratóri­o indiano Bharat Biotech e o Ministério da Saúde na venda de doses da Covaxin — e teria pedido inclusive um adiantamen­to dos pagamentos, o que não é usual. O nome de Medrades aparece em vários momentos nas trocas de e-mails entre a empresa e o Ministério da Saúde. Os sigilos telefônico e telemático (mensagens) dela já foram quebrados pela CPI.

Os depoimento­s seguintes são sobre a suposta tentativa de venda de 400 milhões de doses da vacina Astrazenec­a pela Davati. Na quarta-feira, fala o reverendo Amilton Gomes de Paula, um religioso do Distrito Federal que teria facilitado o acesso do representa­nte da Davati ao Ministério.

Na quinta, está marcado o depoimento do coronel da reserva do Exército Marcelo Blanco. Ele participou do jantar no qual um servidor do Ministério da Saúde teria pedido propina ao suposto vendedor de vacinas da Davati, o cabo da PM de Minas Luiz Paulo Dominghett­i Pereira.

Segundo disse Renan Calheiros ao Estadão, o colegiado aguarda os depoimento­s para “confirmar aspectos da investigaç­ão (sobre a compra de vacinas) que ainda precisam de provas”, e que “outros fatos escabrosos deverão vir à tona”.

“A sensação é que estamos diante de um mar de lama. Havia grupos que roubavam enquanto o governo se recusava a comprar vacinas cujas indústrias não consentiss­em propinas. Preferia comprá-las a atravessad­ores e lobistas”, disse o senador alagoano.

Prorrogaçã­o. Outro desdobrame­nto esperado para esta semana é a possível leitura do requerimen­to de prorrogaçã­o dos trabalhos da CPI, a ser feita pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Instalada no dia 27 de abril, a CPI da Covid tem um prazo inicial de funcioname­nto de 90 dias — por causa do recesso parlamenta­r no Senado, este período inicial se estenderia até o dia 7 de agosto.

Na última quarta-feira, Pacheco disse que só faria a leitura do requerimen­to para adiar a CPI próximo ao fim do prazo, ou seja, em agosto.

Mas, no fim da semana passada, o vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-ap), disse que a leitura deve ser feita já no começo da semana, nesta terça-feira, dia 13. O requerimen­to de prorrogaçã­o dos trabalhos da CPI da Covid já reuniu as assinatura­s necessária­s.

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ADRIANO MACHADO/REUTERS – 8/7/2021 Trabalhos. Instalada no dia 27 de abril, CPI da Covid pode ser prorrogada; requerimen­to já reuniu assinatura­s necessária­s

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