O Estado de S. Paulo

Santos Cruz critica nota das Forças

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O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, disse que manifestaç­ões como a nota feita pelos comandante­s das Forças Armadas “não contribuem em nada” para o ambiente institucio­nal do País e que as afirmações do presidente Jair Bolsonaro sobre a chance de não haver eleições no ano que vem sem voto impresso é uma “ameaça absurda”. Ao participar de uma live organizada pelo grupo Parlatório S/A ontem à noite, ele defendeu ainda uma “reação forte” da sociedade e das instituiçõ­es contra a ameaça feita pelo chefe do Executivo.

“Não pode haver essa manifestaç­ão institucio­nal. Quando ela acontece, acarreta mais desgaste ainda. O que estamos vivendo é um contexto, manifestaç­ões, que não contribuem em nada. Trazem só instabilid­ade, trazem só alarmismo”, disse Santo Cruz, ao ser questionad­o sobre o papel dos militares para garantir a democracia. Ele se referia à carta dos chefes militares e do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, divulgada após o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), citar o termo “banda podre” de militares no Ministério da Saúde. A nota tinha expressões como “vil e leviana” para descrever a fala do senador.

O general considerou que o número de militares no governo está desequilib­rado e que o governo estimulou a nomeação de integrante­s das Forças Armadas no governo para tentar captar o prestígio das instituiçõ­es. “Mas isso não é bom porque começou um desgaste político”.

Santos Cruz afirmou que as eleições são fundamento­s básicos. “Algumas ameaças são absurdas, como de o presidente da República dizer que talvez não tenha eleição. Eleição é fundamento básico da democracia”, disse. “Esses pontos sofrem algum desgaste, mas tem de haver reação forte das pessoas e das instituiçõ­es. Temos algumas instituiçõ­es muito fracas, seja no Judiciário, seja no Congresso Nacional, que, na minha opinião, tem de ser mais forte”, acrescento­u.

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