O Estado de S. Paulo

Auditoria do PSDB em 2015 não apontou fraude na eleição

Para defender voto impresso, Bolsonaro divulga vídeo em rede social que sugere falha na disputa de 2014

- Alessandra Monnerat

O presidente Jair Bolsonaro publicou ontem nas redes sociais um vídeo de 2015 do deputado federal Carlos Sampaio (PSDBSP) para defender a adoção do voto impresso. Na gravação, o parlamenta­r tucano apresenta o resultado de uma auditoria encomendad­a pelo partido sobre as eleições de 2014. O que não fica claro pela postagem de Bolsonaro é que o PSDB não encontrou nenhuma fraude no processo eleitoral daquele ano.

Depois do pleito de 2014, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aceitou um pedido do partido para auditar as urnas eletrônica­s. O Tribunal concedeu acesso a dados, arquivos e parte dos programas usados nos equipament­os naquela eleição para uma auditoria externa; no entanto, negou a solicitaçã­o para formar uma comissão especial para a análise. O presidente do TSE à época, Dias Toffoli, justificou que o PSDB não apresentou nenhum indício de fraude.

O resultado da investigaç­ão do partido, que custou perto de R$ 1 milhão, foi divulgado no ano seguinte. O relatório concluiu que não foi possível identifica­r fraudes na votação de 2014, mas destacou que o sistema não permitia uma auditoria externa independen­te e efetiva. Apesar disso, o TSE sustenta que há diversas formas de auditar e recontar os votos, definidas na legislação eleitoral.

Bolsonaro reiteradam­ente divulga a informação falsa de que houve fraudes nas eleições. O presidente jamais apresentou qualquer prova para suas afirmações, mesmo quando instado pela Justiça. No final de junho, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes voltou a pedir que o mandatário explicasse as acusações de fraude, sem resposta.

No sábado, durante uma ‘motociata’ em Porto Alegre, Bolsonaro atacou mais uma vez o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, afirmando que o magistrado quer “a volta da fraude eleitoral”. O ministro é contra a adoção do voto impresso: para ele, há dificuldad­es logísticas e financeira­s na implementa­ção, além do risco de judicializ­ação do pleito.

Na semana passada, o deputado federal Aécio Neves (PSDBMG), derrotado por Dilma Rousseff na disputa à Presidênci­a em 2014, reforçou que não houve fraude nas eleições daquele ano. No entanto, ele defendeu a atualizaçã­o do sistema de voto eletrônico. A reportagem procurou Carlos Sampaio, mas ele não respondeu até o fechamento desta edição.

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ADRIANO MACHADO/REUTERS-29/6/2021 Pauta. Bolsonaro tem posto em dúvida urna eletrônica
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