O Estado de S. Paulo

Por 2022, Ciro tenta criar programa contra racismo

Ex-ministro discute pauta para combater desigualda­de racial no País; pedetista tem agenda no Rio

- Caio Sartori

O ex-ministro e presidenci­ável Ciro Gomes (PDT) vai nesta segunda-feira ao Morro da Mangueira, um dos símbolos do samba carioca, em busca de um programa de combate ao racismo. O pedetista almoçará na comunidade com o babalawô Ivanir dos Santos, personagem dos debates sobre religiões de matriz africana e intolerânc­ia religiosa, e outros representa­ntes do movimento negro. A ideia é que Ivanir, professor da Universida­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ajude a coordenar um programa nacional de combate à discrimina­ção racial.

O Estado registra recorrente­s ataques a cultos afro-brasileiro­s, além de ações policiais violentas em áreas pobres, predominan­temente habitadas por pretos e pardos. “O Rio é uma espécie de síntese do Brasil. Além disso, Ciro teve a segunda maior votação da cidade em 2018 e temos candidato forte ao governo estadual”, afirmou o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.

Ciro tem mesmo motivos para cultivar com extremo cuidado o eleitorado carioca. Na capital fluminense, teve 19,49% da votação para presidente em 2018. Foram 645.674 votos (19,49%), quase 250 mil a mais que Fernando Haddad, do PT. No Estado, Ciro também venceu o petista, mas por menos de 45 mil votos. O pedetista agora investe na memória que o eleitorado tem de seu nome para tentar novamente a Presidênci­a. Ele também vai a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, com cerca de 1 milhão de habitantes, para a posse ao novo diretório do PDT. Em Niterói, governada pelo prefeito Axel Grael (PDT), receberá o título de cidadão niteroiens­e.

O partido começa a preparar o ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, para a disputa local. Neves deixou o cargo bem avaliado, conseguiu eleger seu sucessor e é apontado como candidato ao Palácio Guanabara com bom potencial de votos e palanque forte para Ciro no Estado. Além dele, há na oposição o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) e o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, com apoio do prefeito Eduardo Paes (PSD).

Visitas. Ciro é o terceiro presidenci­ável visitar o Rio em ritmo de campanha nas últimas semanas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB), outros dois possíveis candidatos à Presidênci­a em 2022, também escolheram o Estado como ponto de partida das viagens pré-eleição.

Quando esteve no Rio, no mês passado, Lula também teve entre seus compromiss­os um debate com lideranças negras e comunitári­as. Os direitos de pessoas que vivem nas favelas cariocas são considerad­os tema-chave para a oposição ao bolsonaris­mo no Estado.

Já o tucano Eduardo Leite, que disputará as prévias tucanas, visitou o novo presidente estadual do PSDB, Otavio Leite, e o apresentad­or Luciano Huck, que abandonou a ideia de ser candidato no ano que vem.

Além deles, o próprio presidente Jair Bolsonaro participou recentemen­te de atos com forte apelo eleitoral na cidade. O principal foi uma motociata, em maio.

Berço do bolsonaris­mo, o Rio é considerad­o um palanque fundamenta­l para a oposição. Nos últimos anos, o Estado viveu uma série de crises políticas e econômicas, com escândalos de corrupção e governador­es presos e afastados.

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ALEX SILVA/ESTADÃO – 1/7/2021 Crucial. Para Ciro, Rio é essencial; ali venceu o PT em 2018

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