‘Com a pandemia, alfaiataria teve queda de 70% nas vendas em 2020’
Reconhecido pelos ternos de alto padrão, o estilista Ricardo Almeida viu a pandemia afetar o mercado de moda masculina. O principal desafio enfrentado foi a mudança repentina no “código de vestimenta” para o trabalho, com a migração dos escritórios para o home office. Com o baque na alfaiataria, que teve uma queda de 70% nas vendas em 2020, Almeida contou que a marca conseguiu segurar o impacto com a linha mais casual. Segundo ele, a empresa “está em processo de recuperação” devido à crise da covid-19.
• O que a marca fez na pandemia?
Nós desenvolvemos uma linha com malharia, jeans, moletom e polo, algo que o pessoal tem usado bastante em casa. E implementamos o e-commerce, que acelerou nossa venda. Temos também o projeto de sofisticar mais ainda a marca, trabalhando produtos com mais valor, como a camisa de R$ 819 de fio especial.
• Quais os principais desafios?
Houve uma quebra muito grande da alfaiataria. Nós nem tínhamos e-commerce quando começou a pandemia e acreditamos muito mais na venda presencial. O e-commerce atendeu os clientes que já conheciam a marca. Acredito que seja o nosso maior obstáculo. Nós também tivemos problemas de falta de matériaprima e aumento de preços dos insumos.
• Quais os planos de ampliação?
Estamos montando uma loja na Cidade Matarazzo (em São Paulo), que vai ser uma consultoria de imagem. Não vai ter roupa exposta. Vamos passar o que é bom para a pessoa, identificar as necessidades, fazer um trabalho mais explicativo. Também estou abrindo lojas em Brasília e Belo Horizonte.
Com a pandemia, muitos shoppings não souberam entender o mercado. Isso acabou acelerando outras ideias, como essas casas que estou construindo.
• A Ricardo Almeida quer conquistar o público feminino?
Tenho uma equipe forte no masculino, supervisiono a parte de criação, então peguei o feminino para mim. Acredito que a alfaiataria é muito forte, e as mulheres querem trabalhar e crescer. Eu enxergo que há um mercado grande. Pretendo dar uma orientação para essas clientes.
• Já pensou em vender a grife?
Se eu fosse vender, seria no máximo 20% para acelerar a compra de outras empresas. Eu já tenho três marcas no meu radar, mas, devido à pandemia, isso atrasou. Essa aquisição não se dará de imediato nem simultaneamente. Tudo fará parte de um processo cauteloso que está sendo estudado e avaliado. / MARINA ARAGÃO