Nossas variantes
Não é amor. Mas é uma variante. Não me olha assim. Até virar amor vai um caminho. Talvez a gente não tenha paciência para percorrê-lo em sua plenitude. Sei lá quantas voltas a gente precisaria dar. Fico tonto só de pensar. Me falta fôlego.
A lagarta pode ser mais bonita do que a borboleta.
Então, vamos aproveitar o sol. E ser lagarta mais um pouco. Pra que tanta pressa?
Não é amor.
Mas é uma variante.
Acho até que é parecido. Só olhando muito de perto para reparar na diferença. A cor é a mesma, o tamanho é igual e o cheiro continua bom.
Pode ser tão contagiante quanto aquilo que chamam de amor.
No fim, é só um nome que se dá. Entendo a importância de batizar as coisas.
Podemos inventar um nome, escolher qualquer palavra do dicionário ou criar um idioma.
Mas não, não é amor.
É uma variante.
Uma variante dessas que nasce no peito de gente distraída, desavisada e despreparada feito eu e você.
Um bichinho que a gente alimenta com pequenas maravilhas, como o som da sua voz, o modelo dos seus óculos e esse diastema.
Ai, Jesus, o diastema!
Uma lástima ser privado dos seus dentes separados.
Mas não é amor.
É uma variante.
Não acredite se te disserem ser pouca coisa.
Mas também não crie expectativas exageradas.
É tudo o que eu tenho no momento.
É minha maior aposta, minha melhor versão.
Vamos deixar rolar essa febre. Vamos cair de cama por uma semana.
Eu já estou vacinado. E você? Mas, de novo, não é amor.
É uma variante.