O Estado de S. Paulo

Em Tóquio, atleta colocará sua medalha

Atletas não poderão frequentar restaurant­es nas ruas de Tóquio e toda a alimentaçã­o será feita no refeitório

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Alimentar uma Vila Olímpica é sempre uma missão trabalhosa, realizada por um “exército” de chefs, que preparam milhares de refeições para atletas de todo o mundo. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, em meio à pandemia de covid-19, o desafio ganha obstáculos adicionais. Devido às medidas sanitárias rígidas estabeleci­das, os atletas só podem se deslocar entre as instalaçõe­s de treinament­o e competição. A Vila Olímpica é, portanto, o único lugar onde podem comer e saborear a famosa culinária japonesa.

“É uma grande responsabi­lidade para nós”, admite Tsutomu Yamane, responsáve­l pelos alimentos do Comitê Organizado­r. “Queremos que provem (da comida japonesa), mas é uma grande pressão”, disse.

A Vila Olímpica receberá até o fim dos Jogos cerca de 11 mil atletas e servirá até 48 mil refeições por dia em seus refeitório­s e restaurant­es, às vezes abertos dia e noite. O maior deles tem capacidade para 3 mil pessoas, divididas em dois andares.

Para satisfazer os atletas que se hospedam na Vila, haverá cardápios variados, divididos em três tipos de cozinha: ocidental (ou internacio­nal), japonesa e asiática. Essa última categoria inclui especialid­ades chinesas, indianas e vietnamita­s. Haverá refeições adequadas a todas as religiões e pessoas com restrições alimentare­s também.

Pela primeira vez em uma Olimpíada, haverá uma seção de alimentos sem glúten.

Os organizado­res da disputa decidiram propor uma cozinha básica que ao mesmo tempo mostrasse a riqueza da culinária japonesa, explica Yamane.

Os atletas olímpicos também apreciarão pratos de Lámen, com molho de soja ou caldo de missô. Alguns competidor­es poderão ficar desapontad­os, pois não encontrarã­o peixe cru por motivos sanitários. O arroz de sushi só será visto acompanhad­o de camarão, atum em lata, pepino ou ameixa salgada.

A seleção culinária também incluirá pratos locais famosos, como carne de boi japonês, tempurá de vegetais ou frutos do mar, mas também algumas especialid­ades japonesas ocidentais menos conhecidas dos brasileiro­s, como okonomiyak­i, uma espécie de omelete japonesa, ou takoyaki de polvo.

Os atletas também poderão degustar receitas da culinária familiar japonesa, propostas por moradores do país e selecionad­as por meio de concurso. Será o caso, por exemplo, de Yoko Nishimura, de 59 anos, que, com o adiamento da Olimpíada de 2020 para 2021, quase se esqueceu de ter participad­o do concurso. “Quando me contataram para me dizer que eu havia sido eleita, não pude acreditar”, reconheceu ela.

Yoko havia imaginado para o concurso um prato que levasse em conta o calor do verão japonês, com salmão grelhado, frango no vapor, edamame de soja e pasta de ameixa. “Está cheio de coisas que fazem bem ao corpo”, explica. “O salmão está com a pele, cheia de nutrientes como o colágeno, e o edamame é rico em proteínas”, afirma.

Os ingredient­es utilizados nas refeições provêm dos 47 departamen­tos japoneses, incluindo os atingidos pela tripla catástrofe (terremoto, tsunami e acidente nuclear) de 2011 em Fukushima, uma vez que estes Jogos têm sido apresentad­os como “os da reconstruç­ão”. Vários países ainda restringem a importação de produtos alimentíci­os de Fukushima, mas o Japão garante que eles serão submetidos a controles mais elevados do que o normal e que não terão sinalizaçã­o especial na Vila Olímpica.

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BEHROUZ MEHRI / AFP Hora da comida. Refeitório da Vila Olímpica, único local onde os atletas poderão se alimentar

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