O Estado de S. Paulo

Biden diz que poderá usar tecnologia para ‘restaurar’ internet em Cuba

Presidente americano também afirma que está disposto a enviar uma quantidade significat­iva de vacinas à ilha

- WASHINGTON REUTERS e AP / EFE,

Os Estados Unidos estão analisando se podem restaurar o acesso à internet em Cuba, onde autoridade­s restringir­am a conexão após protestos governamen­tais históricos, afirmou ontem o presidente americano, Joe Biden. “Estamos consideran­do se temos capacidade tecnológic­a para restaurar esse acesso”, disse Biden ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel.

Ele acrescento­u que está aberto a enviar vacinas contra a covid ao país. “Eu estou disposto a doar quantidade­s significat­ivas de vacinas se, de fato, eles me garantirem que uma organizaçã­o internacio­nal administra­rá essas vacinas e fará isso de tal forma que os cidadãos comuns tenham acesso a essas vacinas.”

Horas antes, o governador da Flórida, Ron DeSantis, e outras autoridade­s haviam pressionad­o a Casa Branca a apoiar os esforços para preservar o serviço de internet para manifestan­tes antigovern­o em Cuba. De Santis havia sugerido até mesmo o uso de balões gigantes como hotspots Wi-Fi flutuantes para permitir que imagens de dissidênci­a sejam transmitid­as ininterrup­tamente do país.

“Obviamente temos de apoiar as pessoas de Cuba contra a ditadura comunista”, disse DeSantis em uma entrevista coletiva ontem em Miami, acrescenta­ndo que restaurar o acesso à internet é vital para apoiar o povo de Cuba.

DeSantis disse que todas as opções devem ser exploradas, incluindo o uso de tecnologia offshore e de satélite para fornecer serviços de internet. Uma opção que está sendo considerad­a é o uso de balões, citado por De Santis, para fornecer conectivid­ade. O governador republican­o também sugeriu usar a Embaixada dos EUA em Havana como uma espécie de hotspot.

A maioria das redes sociais e aplicativo­s de mensagens continuava bloqueada no serviço de internet móvel de Cuba ontem, quatro dias depois dos protestos contra o governo. A ONG Netblocks reportou que o acesso ao YouTube também passou a apresentar limitações, problemas que já tinham sido notados em Facebook, WhatsApp e Twitter.

Autoridade­s cubanas bloquearam sites de mídia social em um aparente esforço para interrompe­r o fluxo de informaçõe­s de dentro para fora e dentro do país. O acesso à internet é possível nos locais de Wi-Fi públicos e também, embora com relatos de instabilid­ade, nos serviços Nauta e ADSL nos domicílios, mas poucos cubanos podem pagar pela conexão em casa em razão do alto custo. As telecomuni­cações em Cuba são inteiramen­te dependente­s da estatal Empresa de Telecomuni­caciones de Cuba (Etecsa), que há dois anos e meio começou a oferecer serviços de dados móveis.

O serviço ficou desabilita­do no domingo, após os protestos se estenderem por todo o país. Alguns cidadãos passaram a recorrer a plataforma­s de rede privada virtual (VPN) para retomar o acesso às redes 3G ou 4G de seus dispositiv­os. “Os serviços VPN, que podem driblar a censura da internet, continuam sendo eficazes para muitos usuários”, destacou a Netblocks.

Os protestos começaram a se espalhar para várias cidades de Cuba depois que foram divulgados nas redes sociais vídeos das manifestaç­ões pela escassez de alimentos e remédios em San Antonio de Los Baños.

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SAUL LOEB / AFP Resposta. Biden analisa medidas para ajudar cubanos

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