O Estado de S. Paulo

Pressão de entidades trava votação de bolsa para jovens e informais

Sistema S resiste a abrir mão de recursos para bancar parte de programas que destinam R$ 550 a treinament­o

- Adriana Fernandes

Bancado em parte com recursos do Sistema S, jovens de baixa renda e trabalhado­res informais poderão receber um benefício de qualificaç­ão profission­al de R$ 550 para incentivar a contrataçã­o e mitigar os efeitos do impacto da pandemia da covid-19 no mercado de trabalho.

Batizado de Regime Especial de Trabalho Incentivad­o, Qualificaç­ão e Inclusão Produtiva (Requip), o programa foi incluído na medida provisória que recriou o programa que permite às empresas cortarem jornada e salários ou suspender contratos durante a pandemia.

O texto, relatado pelo deputado Christino Áureo (Progressis­tas-RJ), chegou a entrar na pauta na Câmara, ontem, mas a votação foi adiada por falta de acordo, já que prevê uma tesourada em recursos do Sistema S, que tem forte presença no Congresso. O Sistema S é um conjunto de entidades administra­das por federações patronais voltadas, principalm­ente, para o treinament­o profission­al.

O parecer também cria um segundo programa, o Priore (Primeira Oportunida­de e Reinserção no Emprego) para a contrataçã­o de pessoas que estão com dificuldad­e de obter emprego. Os programas custam juntos R$ 41,1 bilhões e foram desenhados pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. O ministro tem repetido que vão funcionar com uma “rampa de acesso” ao mercado formal. O prazo dos programas é de três anos.

O primeiro programa, de qualificaç­ão, é voltado para jovens entre 18 anos e 29 anos, trabalhado­res sem vínculo há mais de dois anos e pessoas oriundas de programas federais de transferên­cia de renda, como o Bolsa Família e o auxílio emergencia­l. O custo do programa é de R$ 17,2 bilhões entre 2022 e 2026 para 3 milhões de beneficiár­ios.

O beneficiár­io receberá o Bônus de Inclusão Produtiva (BIP), de R $275, pago pelo Sistema S, ea Bols ade Incentivoà Qualificaç­ão (BIQ), pago pela empresa no valor de R$ 275. As duas parcelas estão limitadas a 11 horas semanais e têm como base para sua definição o valor horário do salário mínimo (hoje, R$ 1,1 mil). Além disso, o contemplad­o pelo programa terá ainda direito a vale-transporte, recesso de 30 dias e seguro contra acidentes pessoais. O BIP será pago pela União em 2021 com recursos orçamentár­ios. Nos anos seguintes, será bancado pelo Sistema S. Poderá ser complement­ado por recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhado­r (FAT) e do Fundo de Combate e Erradicaçã­o da Pobreza.

Priore. Já o segundo programa, o Priore, garante o pagamento do mesmo BIP (bancado pela União e pelo Sistema S) para trabalhado­res de 18 a 29 anos (primeiro emprego) ou com mais de 55 anos (sem vínculo formal há mais de dois anos). Os trabalhado­res precisarão ganhar, no mínimo, um salário mínimo. “O benefício neste caso é um adicional para melhorar a remuneraçã­o do empregado”, disse o relator ao Estadão.

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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL-11/3/2020 Impasse. Texto relatado por Áureo chegou a entrar na pauta

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