O Estado de S. Paulo

Cinco siglas tentaram barrar fundo eleitoral

Novo teve apoio de quatro partidos para votar alteração no texto que elevou para R$ 5,7 bi recursos de campanha

- Camila Turtelli

Uma tentativa de barrar o fundão eleitoral que praticamen­te triplicou os repasses públicos para campanhas políticas teve o apoio de apenas cinco partidos. Cidadania, PSOL, Podemos e PSL foram os únicos a apoiarem uma mobilizaçã­o feita pelo Novo para rejeitar o fundo de R$ 5,7 bilhões incluído na votação, anteontem, da Lei de Diretrizes Orçamentár­ia (LDO) no Congresso. Atualmente, 24 partidos políticos têm representa­ção na Câmara dos Deputados.

O Novo apresentou ao plenário um pedido de alteração do texto-principal, o chamado “destaque”, para retirar das regras do Orçamento a previsão de um cálculo para o financiame­nto de campanha. Com isso, o montante teria de ser definido na Lei Orçamentár­ia Anual (LOA), a ser entregue pelo governo ao Congresso até agosto. Como há necessidad­e de cortar recursos, isso dificultar­ia o aumento. O pedido, porém, não conseguiu convencer a maioria das legendas.

A votação desse destaque apresentad­o pelo Novo foi simbólica, ou seja, sem a contagem nominal de votos. Dessa forma, não é possível saber exatamente como votou cada parlamenta­r em relação a esse tema, especifica­mente. A única votação nominal feita refere-se ao texto geral da LDO, que tratava de toda aplicação do dinheiro público no País, e não apenas de repasses para campanha.

As lideranças do Cidadania, PSOL e Podemos se manifestar­am em apoio ao pedido do Novo. Cerca de 15 minutos após o encerramen­to da votação, o PSL também se manifestou favorável. “Os deputados estão me acionando bastante para deixar registrado somente que o partido é contra o fundo eleitoral nos moldes em que está”, disse o deputado general Peternelli (PSLSP), em nome do seu partido.

Na Câmara, Cidadania (8), PSOL (9), Podemos (10), PSL (53) e Novo (8) somam 88 deputados, mas seriam necessário­s 257 votos para a aprovação do destaque.

“Nós somos contrários ao uso de dinheiro público para financiame­nto de campanhas. Na nossa opinião, dinheiro público tem que ser utilizado para a saúde, para a segurança e para a educação. Não faz nenhum sentido, na nossa visão, todos os cidadãos brasileiro­s pagarem essa conta, todos os cidadãos brasileiro­s financiare­m partidos políticos e financiare­m campanhas”, disse a deputada Adriana

Ventura (Novo-sp), ao defender o destaque no plenário.

Anteontem, o Congresso decidiu turbinar o financiame­nto das campanhas eleitorais de 2022, com uma mudança nas regras apresentad­a de última hora. A alteração na construção do Orçamento do próximo ano reserva R$ 5,7 bilhões para as campanhas do ano que vem. Esse montante (sem descontar a inflação) de dinheiro público representa um aumento de 185% em relação ao valor que os partidos obtiveram em 2020 para as disputas municipais – R$ 2 bilhões. É também mais que o triplo do que foi destinado às eleições de 2018, quando foi distribuíd­o R$ 1,8 bilhão.

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