A farra do fundo eleitoral
O aumento de 185% no valor do fundo eleitoral, aprovado pelo Congresso na quinta-feira (16/7, A4), é um disparate num país com tantas carências. No lugar dos R$ 2 bilhões das eleições municipais do ano passado e do R$ 1,8 bilhão das de 2018, os partidos vão receber R$ 5,7 bilhões para 2022! Com todas as contas pagas pelo contribuinte, fica muito fácil, até vantajoso, fazer política. Em vez de os partidos funcionarem como clubes em que cada associado paga sua anuidade e esta custeia as despesas, os filiados e especialmente os dirigentes das agremiações partidárias só tiram vantagens, porque a conta é honrada pelo erário. Há ainda a desconfiança de que muitos dirigentes, verdadeiramente donos das legendas, vivem dos seus recursos e ainda usam os partidos para negociar, pressionar o governo e auferir mais vantagens. O quadro é, no mínimo, desonroso. Só há duas possibilidades de evitar essa sangria dos cofres públicos: o Executivo vetar as alterações introduzidas no cálculo do tal fundo, o que poderá levar a uma guerra com o Legislativo e prejudicar a governabilidade; ou reduzir as verbas para esse fim na Lei Orçamentária Anual (LOA). Mas qualquer das alternativas será frágil. O veto pode ser derrubado pelos congressistas, que também poderão mexer na LOA. O melhor seria a classe política ter mais consciência, sair da bolha e tomar conhecimento dos problemas vividos pela Nação.
DIRCEU CARDOSO GONÇALVES
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SÃO PAULO