O Estado de S. Paulo

Oposição tentar barrar orçamento secreto no STF e TCU

- WESLLEY GALZO e A.S. /

Siglas de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro recorreram nesta semana ao Judiciário e ao Tribunal de Contas da União (TCU) para tentar barrar a distribuiç­ão de recursos a congressis­tas por meio das chamadas emendas de relator, identifica­das pelo código RP 9. Estas verbas são a base do esquema conhecido como orçamento secreto, revelado pelo Estadão – a estratégia tem sido importante para garantir o apoio ao governo no Congresso. Segundo apurou o Estadão, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), poderá decidir sozinha se o uso das emendas fere a Constituiç­ão.

Na quarta-feira , o PSOL voltou a provocar o STF para pedir que a ministra decida sobre um pedido de suspensão dos pagamentos das emendas RP 9 no Orçamento de 2021. Rosa é a relatora de uma Ação de Descumprim­ento de Preceito Fundamenta­l (ADPF) na qual o partido pede de forma liminar (isto é, provisória) a suspensão dos pagamentos das emendas RP 9, até que o Supremo decida de forma definitiva sobre se o uso do mecanismo é constituci­onal ou não.

O presidente do STF, Luiz Fux, deverá deixar o processo em aberto até a segunda-feira, dia 19, quando a relatora do caso, a ministra Rosa Weber, assume o plantão da quinzena final do recesso no Judiciário. Se isto acontecer, ela decidirá sozinha sobre o pedido do PSOL.

Anteontem, a Câmara e o Senado aprovaram o texto da Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (LDO) de 2022, mantendo o uso das emendas de relator pelo Poder Executivo em 2022. O caminho está, portanto, aberto para que a distribuiç­ão de verbas se repita no ano que vem – basta que as verbas sejam incluídas na Lei Orçamentár­ia Anual (LOA) do próximo ano, a ser votada pelo Congresso na volta do recesso parlamenta­r.

Como relatora do pedido do PSOL, Rosa poderá, portanto, reverter um dispositiv­o já aprovado pelo Legislativ­o na LDO. Recentemen­te, a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) afirmou que o uso da emenda de relator para beneficiar políticos aliados fere a Constituiç­ão.

No domingo, o líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), apresentou um novo pedido de medida cautelar ao TCU para suspender, ou limitar, a aplicação dos recursos.

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