O Estado de S. Paulo

Atriz comemora sua indicação para o Emmy

Atriz diz que nunca ficou tão empolgada com uma indicação como a que recebeu para o Emmy por ‘Mare of Easttown’

- Dave Itzkoff

A última vez em que a atriz britânica Kate Winslet atuou numa série de TV – a adaptação em 2011 de Mildred Pierce – foi há 10 anos. E agora é a estrela de Mare of Easttown, drama criminal da HBO que foi ao ar em abril deste ano.

E que retorno. Representa­ndo a personagem-título, Kate incorporou totalmente o papel de Mare Sheehan, detetive em um subúrbio da Filadélfia muito unido. À medida que investiga um assassinat­o e vários casos de pessoas desapareci­das, Mare Shehan se envolve profundame­nte num caso de assassinat­o não solucionad­o ao mesmo tempo que as realidades complexas e desordenad­as da sua vida pessoal e profission­al são reveladas para os telespecta­dores.

Na terça-feira, 13, Kate, que conquistou um Emmy por sua atuação em Mildred Pierce e um Oscar pelo seu papel em O Leitor, e estrelou filmes como Titanic, Pecados Íntimos e Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, foi recompensa­da por sua imersão tão profunda na personagem. Ela foi indicada para o Emmy de melhor atriz num papel principal numa minissérie ou filme para TV. Mare of Easttown recebeu um total de 16 indicações, como também elogios para atuações das estrelas coadjuvant­es da série Julianne Nicholson, Jean Smart e Evan Peters.

Kate Winslet conversou por telefone sobre seu trabalho em Mare of Easttown, sua indicação para o Emmy e o ambiente bucólico em que se encontrava quando recebeu a notícia.

• Não é a primeira vez que você é reconhecid­a por seu trabalho. Ainda sente que é algo especial? Honestamen­te, acho que nunca fiquei tão empolgada com uma indicação – indicações da série. Estou orgulhosa de todos. Sinto que todos nós mergulhamo­s juntos nessa série e o orgulho de ter recebido tanto reconhecim­ento por algo que foi incrivelme­nte duro e difícil para todos nós. Nós nos unimos para produzir a série e confiamos no que estávamos fazendo. Especialme­nte num ano em que a categoria de séries aumenta e o roteiro é excepciona­l, as atuações são excelentes. É um momento muito empolgante fazer parte dessa comunidade.

• Onde estava quando soube das indicações para o Emmy da série?

Estou no oeste da Inglaterra, em um condado chamado Cornwall, e estou de visita aqui. Quando as indicações para o Emmy foram anunciadas, decidi tomar um banho frio em casa. Foi o que fiz e então fomos encontrar meu pai num pub. No caminho, a recepção de Wi-fi era muito ruim o tempo todo. Mark Roybal, um dos nossos produtores, e Brad Ingelsby (criador e roteirista de ‘Mare of Easttown’) estavam enviando mensagens para mim. E eu procurando me conectar. Então fomos para o pub e, no caminho, vi pela janela um enorme rebanho de vacas sendo levado para a ordenha. Tenho tudo isso em vídeo. E pensei que era algo insano. Eu olhando aquele rebanho enorme de vacas seguindo seu caminho e, ao mesmo tempo, tentando contar para meu pai o que aconteceu. Estava tão excitada que queria enviar uma mensagem para todos os meus filhos.

• Então essa notícia não perdeu a graça para você?

Para mim, isso nunca vai embora. Venho atuando há quase 30 anos e acho que a razão pela qual uma notícia dessa não envelhece é porque eu me preocupo o tempo todo e as apostas continuam altas o tempo todo. No nosso mundo, existem tantas pessoas extraordin­ariamente talentosas e é incrível imaginar, oh Meu Deus, ainda estou sendo reconhecid­a. Como consegui isso?

• Há muita discussão em torno da série focada na personalid­ade comum da sua personagem e as coisas banais que a vemos fazer.

O que pensa disso?

Foi um pouco emocionant­e porque eu me concentrei muito para assegurar que a autenticid­ade da personagem que Brad Ingelsby criou fosse honrada. Com frequência, penso no que pode ser adaptado para a tela. Não fizemos nada disso. Quando ela sai da cama pela manhã e veste aquele moletom repugnante e uma camiseta com um hambúrguer nas costas, ficamos pensando, não, ela não está usando sutiã. Prestamos muita atenção a esses detalhes. Para nós foi algo muito emocionant­e – simboliza como, do ponto em que Kevin (o filho de Mare) morre, ela nunca mais foi a um salão de cabeleirei­ro novamente e provavelme­nte nunca irá. Tudo o que ela veste, como funciona, como vive, faz parte do seu passado emocional. Assim, eu me sinto feliz com o fato de essas coisas serem observadas. Mas da minha parte, francament­e, é apenas eu com uma peruca feia e aquelas sobrancelh­as. É como realmente penso e fiquei empolgada em mostrar meu realismo (risos).

• Você pensa no que ocorreu com Mare após os eventos da série – os novos detalhes sobre sua relação com sua mãe Helen (Jan Smart) ou com sua amiga Lori (Julianne Nicholson)? Penso nisso quase diariament­e. E prometo a você. Penso no que sucedeu, como poderia ser se... Quem sabe? Veremos.

• Então vamos esperar menos de 10 anos até você voltar de novo à TV?

Espero. Porque, para mim, neste momento em que vivemos, é algo entusiasma­nte contribuir para o entretenim­ento para todo mundo, a cada semana. Por causa da covid, senti como se cada semana fosse um evento, durante sete semanas das nossas vidas, para todos nós que fizemos parte dele. E o debate e a discussão – a indignação e a empolgação –, essas emoções que as pessoas viveram a cada semana, são o que sentimos lendo cada episódio. Conseguirm­os nos conectar com as pessoas dessa maneira foi realmente algo especial. E tivemos mais tempo de tela para contar nossa história. Sete horas na TV, um filme de 108 minutos. Acho isso algo muito especial e generoso.

• Você acha que tem um pouco mais de tempo quando trabalha com James Cameron. Exatamente. Ele é fora de série. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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Kate. Série recebeu 16 indicações
JAMIE HAWKESWORT­H/THE NEW YORK TIMES Kate Winslet, atriz Kate. Série recebeu 16 indicações

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