O Estado de S. Paulo

Na rua, contra o protagonis­mo da esquerda.

Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua convocam ato pelo impeachmen­t e como alternativ­a de ‘centro’ nos protestos contra o presidente

- Bruno Ribeiro Levy Teles

Os grupos Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem Pra Rua, que convocaram as manifestaç­ões contra Dilma Rousseff em 2016 e reuniram milhares de pessoas contra a petista, se organizam para voltar às ruas em setembro, desta vez pelo impeachmen­t de Jair Bolsonaro. A ação conjunta é uma tentativa de pressionar pelo o impediment­o do presidente, evitando que somente os grupos de esquerda sejam protagonis­tas neste processo. Sindicatos e partidos como PSOL, PT e PCO já têm promovido manifestaç­ões pelo País.

No cálculo para iniciar o movimento está tanto buscar a saída imediata do presidente que “incorreu em vários crimes de responsabi­lidade”, segundo afirma a advogada Luciana Alberto, portavoz do Vem Pra Rua, quanto a avaliação de que, caso o impeachmen­t se consolide, a rivalidade direta entre o presidente e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa se arrefecer. “O Lula se beneficia da candidatur­a do Bolsonaro”, diz Renan Santos, um dos coordenado­res do MBL – para quem os protestos, até aqui, são também atos de pré-campanha do líder petista.

Renan afirma que o foco dos atos não é Lula, mas, sim, Bolsonaro. Luciana discorda. “Nossa frase é ‘Eles, não’. Nem Bolsonaro, nem Lula.” Esses grupos avaliam que não são bem-vindos aos atos convocados pela esquerda, e citam como exemplo a hostilidad­e recebida por um grupo do PSDB no último protesto em São Paulo, em 3 de julho. Mas dizem que qualquer pessoa, incluindo as de esquerda, serão bem recebidas caso compareçam para defender o impeachmen­t de Bolsonaro.

O Estadão conversou com Renan Santos e Luciana Alberto para saber mais sobre a organizaçã­o dos atos contra o presidente, as expectativ­as e quais são as avaliações deles sobre o cenário atual e sobre o movimento de 2016. Confira, a seguir, os principais trechos das entrevista­s.

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