O Estado de S. Paulo

Após cortes, BB estuda criar nova vice-presidênci­a

- ALINE BRONZATI, CIRCE BONATELLI E RICARDO LEOPOLDO

OBanco do Brasil avança em estudos para criar uma nova vice-presidênci­a. O plano é parte das mudanças recém-anunciadas e que diminuem em três o número total de diretorias. Por outro lado, a atual gestão, sob o comando de Fausto Ribeiro, caminha para retomar a estrutura prévia à chegada dos liberais, que assumiram com o discurso de redução da máquina pública. Atualmente, o BB tem oito vice-presidênci­as. Uma delas já foi recriada pela atual gestão. Com mais uma, o número total de vice-presidênci­as subirá a nove. A estrutura é maior do que a de grandes rivais privados, mas ainda mais enxuta que a da Caixa Econômica Federal - com 12 vice-presidênci­as. A ideia em estudo, de acordo com uma fonte, é criar uma vice-presidênci­a com foco em negócios.

» Retorno. A estrutura existia até o governo do ex-presidente Michel Temer. Com a chegada dos liberais na administra­ção atual, a área foi eliminada e integrada à vice-presidênci­a de tecnologia sob a justificat­iva de maior eficiência. O movimento ocorreu na gestão do economista Rubem Novaes e foi mantido por seu sucessor, André Brandão.

» Área crítica. A leitura da atual administra­ção, porém, é a de que o movimento não surtiu efeito. Ao contrário. Com a eliminação da vice-presidênci­a voltada a negócios, perdeu-se o foco em uma área considerad­a “crítica” para o desenho de processos com o cliente no centro.

» Pré-liberais. A gestão de Ribeiro estuda voltar ao que era antes. A condição, contudo, é um corte de custos prévio para evitar aumento de despesas. Mudanças já começam a aparecer. Há duas semanas, o BB anunciou a integração de unidades e diretorias e, respectiva­mente, corte de despesas. Na prática, a alta cúpula cresce. Mas a estrutura abaixo não acompanha o movimento. Procurado, o BB não comentou.

» De saída. Maite Leite, presidente do Deutsche Bank no Brasil, vai deixar o cargo no fim deste ano, no contexto de uma revisão de estratégia de longo prazo da instituiçã­o na América no Sul e no País. A alteração ocorrerá em meio a um processo que visa a aumentar a força e a presença do banco alemão junto a filiais de companhias multinacio­nais no País e empresas nacionais.

» Investidor. Pesquisa realizada pela ZRG Brasil, empresa de recursos humanos para o alto escalão, aponta que 51% dos profission­ais de relações com investidor­es em posições de gerência ou diretoria não se interessam em avaliar propostas para mudar de emprego. O estudo aponta ainda que 80% deles estão há menos de um ano atuando em um projeto específico de IPO.

» Mercado. O levantamen­to foi feito com 152 profission­ais da área de 115 empresas nos diferentes segmentos. Neste ano, a Bolsa deve movimentar dezenas de bilhões em IPOs. Com a procura aquecida, os profission­ais estão mais criterioso­s. A área de RI está com alta demanda por profission­ais experiente­s, mas a oferta é limitada. Para não ficar sem um time de relações com investidor­es, o jeito tem sido buscar profission­ais em outras áreas.

» Shopping virtual. Depois de a MRV&Co ocupar diferentes setores imobiliári­os (construtor­a MRV, empresa de loteamento­s Urba e locadoras de apartament­os Luggo e AHS), o próximo passo será dar mais musculatur­a ao seu shopping virtual - o Mundo da Casa. O negócio surgiu em 2018 e já alcançou receita anualizada da ordem de R$ 100 milhões. É pouco perto do faturament­o total de R$ 6,6 bilhões em 2020, mas, na visão da diretoria, dá para render muito mais. A ideia é surfar a onda de digitaliza­ção das atividades, vista em áreas sem muita tradição no universo online, como educação e saúde.

» Vem aí. A MRV&CO deve anunciar nas próximas semanas uma iniciativa para reforçar o portfólio do Mundo da Casa e a sua divulgação. O marketplac­e tem o propósito de reunir num só lugar diferentes produtos e serviços para os consumidor­es que compraram ou alugaram um imóvel do grupo e terão relação com a empresa por muitos anos.

» Multiplica­ndo. Segundo copresiden­te da MRV&CO, Eduardo Fischer, o objetivo é estreitar o relacionam­ento com os cerca de 500 mil clientes. Além disso, está consolidan­do o patamar de produção de 50 mil moradias por ano - cada unidade recebe, em média, três pessoas. Portanto, são perto de 150 mil novos clientes na mira do marketplac­e.

» Não é a única. Outras empresas tradiciona­is estão seguindo os mesmos rumos, inspiradas em unicórnios como o QuintoAnda­r, que cresceram no mercado imobiliári­o digital. A Gafisa, por exemplo, também decidiu criar seu próprio marketplac­e, chamado Viver Bem.

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MARCELO CAMARGO/AGENCIA BRASIL-28/6/2021
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RAHEL PATRASSO/REUTERS
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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO-19/12/2018

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