O Estado de S. Paulo

Måneskin no topo

- ✽ É JORNALISTA E CONSOME CULTURA POP DESDE QUE SE ENTENDE POR GENTE MURILO BUSOLIN @MURILOBUSO­LIN, NO INSTAGRAM

No último dia 13 de julho foi comemorado mais um fatídico Dia Mundial do Rock e a banda Måneskin, em ascensão, honrou a data fixando o single Beggin’ no topo das mais reproduzid­as mundialmen­te na maior plataforma de música atual, o Spotify. Se você ainda não ouviu falar do quarteto italiano formado por Damiano David, Victoria De Angelis, Thomas Raggi e Ethan Torchio, preste atenção. Assim como avisei aqui que a popstar Olivia Rodrigo estava furando a bolha do público mainstream em janeiro, é a vez de uma banda vencedora do Eurovision 2021 ser a minha aposta de sucesso.

Os integrante­s do Måneskin trazem a irreverênc­ia de um hard rock alternativ­o, nas músicas e no visual. Os membros trajam looks inspirados nas tendências à la grunge dos anos 1980, beirando o andrógino e o ‘misturê’, e acabou chamando a atenção até dos mais adolescent­es. Se a banda estourou neste segundo ano pandêmico, devemos creditar boa parte aos tiktokers. Beggin’ é trilha sonora de qualquer usuário que é ou tenta ser descolado.

Em 2017, o Måneskin – ‘clarão da lua’ em dinamarquê­s, idioma de Victoria – participou do X Factor Itália e ficou em segundo lugar. Mesmo não vencendo o reality, suas músicas lançadas depois, como Chosen, fizeram mais sucesso na região do que qualquer uma do cantor pop que ficou em #1. A tão falada e tocada Beggin’, primeiro lugar nos charts de julho, é uma repaginada da canção original do grupo The Four Seasons, de 1967. A nova versão foi lançada há quatro anos, envelheceu como vinho e viralizou organicame­nte apenas agora.

Após o destaque na TV, os italianos abraçaram com facilidade o EP Chosen e o primeiro álbum Il Ballo Della Vita, e foi questão de tempo para a agenda de shows ganhar uma nova proporção e dimensão. O trabalho do Måneskin sempre foi feito com uma boa medida entre o italiano e o inglês, visando abocanhar o maior mercado. Em março deste ano, o grupo venceu o importante Festival de Sanremo, na Itália, e acabou garantindo a vaga da banda no Eurovision. O concurso, nada básico, já recebeu nomes como Celine Dion e ABBA. Nada demais.

Era o empurrão final que o Måneskin precisava em busca do merecido holofote e eles conseguira­m com a apresentaç­ão da elétrica Zitti e Buoni. Ao pegar a taça em mãos, Damiano David proclamou o discurso de vitória: “O rock n’ roll nunca morre”. E ele não está errado. O rock está em alta, seja repaginado por adolescent­es negras como a Willow Smith, populariza­do com a Olivia Rodrigo, ou tradiciona­lmente caótico e cheio de energia pelos irresistív­eis do Måneskin.

Dica: ouça o projeto mais recente deles, Teatro d’ira – Vol.I. A faixa I Wanna Be Your Slave está entre as dez mais tocadas do streaming global e ganhou videoclipe nesta semana. É minha favorita.

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