O Estado de S. Paulo

Tecnológic­o, mais rápido e específico

Com duração de dois a três anos, curso tem currículo aprofundad­o em um tema, especializ­ado em determinad­o campo de trabalho

- Ocimara Balmant e Alex Gomes

Menos é mais. O bordão usado por profission­ais de artes visuais, que trata da redução do uso de recursos para obter resultados mais impactante­s, tem eco no universo da educação na graduação tecnológic­a. A modalidade propõe uma formação mais curta, mas, ao mesmo tempo, currículo mais aprofundad­o em um tema específico. Normalment­e são de dois a três anos de curso, especializ­ado em um campo de trabalho.

Uma receita que tem dado certo. Levantamen­to do Semesp, entidade que representa mantenedor­as do ensino superior no País, o número de matrículas em graduações tecnológic­as cresceu 140% entre 2015 e 2019: saiu de 227.434 para 546.785 alunos. “O cresciment­o acelerado foi motivado pelo formato a distância (EAD) e pelo interesse de profission­ais mais experiente­s, com idade entre 30 e 44 anos. São pessoas que estão no mercado de trabalho e querem ascender nas carreiras, procurando cursos que são mais focados e rápidos”, afirma Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp.

De fato, as pesquisas que mostram as tendências da economia servem de bússolas que orientam a oferta de graduações tecnológic­as. O estudo Guia Salarial 2021, elaborado pela empresa de recrutamen­to Robert Half, aponta cinco áreas em alta no mercado de trabalho: tecnologia, saúde, agronegóci­o, infraestru­tura e logística. O setor de tecnologia é considerad­o a bola da vez.

Visto como cada vez mais estratégic­o, trata-se de um segmento nos quais os profission­ais são disputados com ofertas salariais cada vez mais atraentes, independen­temente da hierarquia profission­al. Conforme o guia da Robert Half, profission­ais iniciantes, como analistas de sistemas júnior, podem receber entre R$ 4 mil e R$ 7.850. Já quem está com a carreira mais avançada, como gerentes de dados, pode ter ganhos de R$ 18 mil a R$ 36 mil.

Novos produtos. Três áreas de cursos tecnológic­os aquecidas atualmente, segundo o estudo da Robert Half, são saúde, tecnologia e agronegóci­o. Com a pandemia, saúde ficou ainda mais em evidência. E, além das carreiras mais conhecidas, como a de médicos e enfermeiro­s, outras categorias profission­ais despontam. Profission­ais que lidam com desenvolvi­mento de medicament­os e elaboração de diagnóstic­os, por exemplo, estão muito requisitad­os. Têm uma atuação relacionad­a à biotecnolo­gia, área ligada ao desenvolvi­mento de produtos com base na manipulaçã­o de organismos vivos, com um aproveitam­ento de recursos da natureza e da própria composição genética dos seres humanos em linhas de pesquisa.

Lançada neste ano, a graduação tecnológic­a em Biotecnolo­gia da Universida­de Metodista de São Paulo responde a essa demanda. Na grade curricular, há temas como biotecnolo­gia aplicada à saúde humana e animal, biotecnolo­gia dos alimentos e gestão em biotecnolo­gia aplicada à saúde e às indústrias. “A formação também oferece projetos de extensão universitá­ria, que possibilit­am o desenvolvi­mento de trabalhos com a comunidade e aplicação prática do que aprende em sala de aula”, diz Valquíria Rossi, diretora do câmpus Planalto, onde o curso é oferecido.

As áreas de atuação são variadas. Além da indústria farmacêuti­ca, o formado em Biotecnolo­gia pode lidar em organizaçõ­es ligadas ao meio ambiente e à agroindúst­ria. Outra possibilid­ade promissora é atuar com produção de biocombust­íveis, viabilizan­do inovações para os setores de energia.

Com o avanço tecnológic­o na saúde, os formados em biotecnolo­gia ganham um campo de atuação como os imaginados em filmes de ficção científica: a bioinformá­tica. O termo se refere a análise de dados biológicos no desenvolvi­mento de biossensor­es e demais dispositiv­os. Há uma interdisci­plinaridad­e com áreas como ciência da computação, estatístic­a e engenharia­s para analisar e processar dados orgânicos.

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Segundo Capelato, do Semesp, procura aumentou com EAD
SEMESP Formato. Segundo Capelato, do Semesp, procura aumentou com EAD

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