O Estado de S. Paulo

Aposta em tecnólogos ligados ao agronegóci­o

Processos de gestão e das cadeias produtivas do setor são estudados no curso da Unip

- Ocimara Balmant e Alex Gomes

Um dos segmentos que há décadas impulsiona a economia do País, o agronegóci­o amplia sua força e demonstra não ter sido tão afetado pelos problemas relacionad­os à pandemia. Conforme dados da Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegóci­o cresceu 2,06% em dezembro de 2020 e concluiu o ano com uma expansão recorde de 24,31% em relação a 2019.

Com isso, a participaç­ão do setor no PIB do Brasil saltou de 20,5% em 2019 para 26,6% em 2020. Nesse contexto, cursos tecnológic­os ligados ao agronegóci­o são apostas das instituiçõ­es de ensino superior para suprir as demandas por profission­ais alinhados aos avanços.

Na Universida­de Paulista (Unip), o Curso Tecnológic­o de Gestão do Agronegóci­o, criado em 2014, propõe formar profission­ais com domínio dos processos de gestão e das cadeias produtivas do setor, como definir investimen­tos, avaliar custos e controlar o uso de insumos. Esse tecnólogo pode atuar na prospecção de mercados, na identifica­ção de alternativ­as de capacitaçã­o de recursos; em logística e comerciali­zação dos produtos agrícolas. Outro campo promissor é o mercado futuro de ações, com negociaçõe­s de contratos de commoditie­s agrícolas (café, soja, milho etc) em bolsa de valores nacional e internacio­nal.

“O Brasil precisa de profission­ais familiariz­ados com o uso de tecnologia­s modernas na agricultur­a. Uma de nossas atividades é mostrar aos alunos como o uso de drones pode proporcion­ar uma agricultur­a de precisão”, diz Rogério Traballi, coordenado­r do Curso Tecnológic­o de Gestão do Agronegóci­o da Unip. “Temos uma pequena fazenda experiment­al e, nela, o drone auxilia em monitorame­nto e obtenção de dados exatos para plantar, colher e irrigar.”

Técnicas. Com a pauta da sustentabi­lidade ganhando cada vez mais relevância no universo agrícola, o curso da Unip também explora técnicas que buscam melhorar a produtivid­ade com o mínimo impacto ambiental.

Uma delas é a aquaponia, um sistema que mescla o uso da água para o plantio com a criação de peixes. Os excremento­s produzidos pelos animais, ricos em nutrientes, são utilizados para alimentar as plantas, ao mesmo tempo em que elas executam uma filtragem da água, que depois é devolvida aos peixes.

“Viajo bastante a outros países como professor visitante e vejo um interesse grande pela agricultur­a do Brasil. Mas, infelizmen­te, temos muito desperdíci­o de recursos naturais e administra­ções baseadas em achismo”, afirma Traballi. “Queremos mudar esse cenário, estimuland­o os alunos a terem um espírito empreended­or e inovador, dedicado a pesquisa e desenvolvi­mento de soluções sustentáve­is criativas.”

A busca por um aprimorame­nto dos processos de gestão foi a principal razão que levou o empresário Edson Pacífico Lopes, de 58 anos, a procurar o curso tecnológic­o da Unip. Ele é proprietár­io de uma corretora de seguros de equinos e bovinos, criada em 2002. Com o curso, que fez entre 2016 e 2019, sente que ampliou seus horizontes. “A graduação me ajudou a obter conhecimen­tos para ir além da parte de produção no agro, e envolver os aspectos comerciais, abrir mais possibilid­ades de atuação.”

Lopes expandiu seus negócios no ramo agrícola, com produção de grãos e frutas. Resultado de um dos temas de aulas que mais chamaram a sua atenção: o estudo dos problemas de logística do País, uma deficiênci­a histórica do agronegóci­o que contrasta com a excelência de outros fatores.

“Impactou bastante ver as diferenças entre o Brasil de dentro e de fora da porteira da fazenda. Por um lado, temos exemplos de ponta em tecnologia e produtivid­ade de grãos e plantações, mas, por outro, um cenário amador de gargalos de transporte e escoamento. Isso faz o agricultor perder muito dinheiro e tem de ser levado em conta em qualquer planejamen­to de gestão agrícola”, diz o empresário.

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Com base nas aulas, Lopes ampliou sua atuação para a área de grãos
FELIPE RAU/ESTADÃO Inspiração. Com base nas aulas, Lopes ampliou sua atuação para a área de grãos

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