O Estado de S. Paulo

PAULISTA LOTA NA REABERTURA

Uso da avenida para lazer foi de 8h a 12h, com movimento intenso; Prefeitura vai repetir modelo experiment­al no próximo domingo

- Júlia Marques /colaborou FELIPE RESK

Após um ano e quatro meses sem fechar para o lazer por causa da pandemia, a Avenida Paulista atraiu ontem milhares de paulistano­s e turistas, além de artistas e ambulantes. Bloqueada para carros pela manhã, a via registrou pontos de aglomeraçã­o de pedestres. A Prefeitura vai repetir a iniciativa no próximo domingo.

Do alto de suas pernas de pau, o artista circense Leonardo Carvalho, de 31 anos, tinha visão panorâmica da Avenida Paulista na manhã de ontem. “Agora, vejo um mar de gente”, disse, por volta de 11 horas, enquanto olhava em direção ao Paraíso, na região central da cidade de São Paulo. No primeiro domingo em que a via foi reaberta para o lazer, após mais de um ano desde o início da pandemia, o movimento foi intenso e houve alguns pontos de aglomeraçã­o. A Prefeitura disse que vai reabrir a avenida para pedestres no próximo domingo, no mesmo horário (8h às 12h).

Artistas, ambulantes, turistas e paulistano­s com saudades da avenida sem carros encheram a via. A movimentaç­ão começou tímida às 8 horas, quando a Paulista foi liberada para pedestres, conta Carvalho. Ao longo da manhã, porém, o fluxo de pessoas aumentou. Músicos tocavam MPB. As apresentaç­ões de mágica no meio da rua atraíam famílias com crianças e provocavam concentraç­ões de pessoas.

Máscaras para distribuir e borrifador de álcool em gel nas mãos, Carvalho comemorava a contrataçã­o de artistas de circo pela Prefeitura para incentivar os cuidados contra o coronavíru­s na Paulista. Os vendedores também celebravam o movimento. “Para ‘geral’, fica melhor”, diz Luan Bruno da Silva, de 29 anos, com uma cestinha de balas na mão.

Há um mês, Silva vende doces na avenida depois que o bar que abriu no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, teve de encerrar as atividades, em meio à pandemia. “Hoje a Paulista é minha vida.” A maioria dos frequentad­ores usava máscaras, embora fosse possível ver um ou outro pedestre e ciclista sem. Funcionári­as da Prefeitura tentavam “pescar” os descuidado­s para distribuir equipament­os de proteção. A gestão municipal informou ter distribuíd­o 1,3 mil proteções faciais.

A Paulista foi reaberta em caráter experiment­al e por pouco tempo – das 8h às 12h, período considerad­o pela Prefeitura como de menor fluxo de pessoas. A ciclofaixa da avenida ficou aberta para uso até 16h. Antes da pandemia, a Paulista ficava aberta das 10h às 18h, aos domingos e feriados.

A Prefeitura diz que foi possível reabrir a via – após um ano e quatro meses – por causa do avanço da vacinação da covid19: mais de 70% dos moradores da capital já tomaram a 1ª dose. Eventos ao ar livre são considerad­os mais seguros para evitar o contágio. Mas a chegada da variante Delta ao Brasil, mais transmissí­vel, tem colocado especialis­tas em alerta.

Empolgação.

Na Praça do Ciclista, turistas faziam fotos e vídeos para o Instagram. De Curitiba, o analista de sistemas Marco Vinícius, de 40 anos, aproveitou a viagem a trabalho para conhecer a avenida sem carros. “Está tranquilo. Um dia lindo e não tão aglomerado”, disse.

A professora Alessandra Oliveira, de 41 anos, viu as notícias da reabertura no jornal e também resolveu aproveitar o domingo ensolarado com os filhos, de 12 anos. A família, que frequentav­a a Paulista todo domingo antes da pandemia, sentia falta - a mãe, da feirinha; o pai, dos artistas de rua; e os gêmeos Iago e Igor, de admirar os prédios altos e do espaço para brincar. “As crianças não aguentam mais ficar presas em casa”, contou ela, que saiu de Itaquera, na zona leste.

Por volta das 11 horas, os gêmeos tentavam aproveitar a última hora da avenida sem carros para andar de skate. Para a professora, seria melhor estender o tempo de reabertura – até para diluir o público e evitar aglomeraçõ­es. Segundo a Prefeitura, a reabertura ocorreu sem ocorrência­s ou apreensões.

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DANIEL TEIXEIRA/ ESTADÃO
 ?? DANIEL TEIXEIRA/ ESTADÃO - 18/7/2021 ?? Volta. Famílias, ciclistas, turistas e camelôs tomaram a via, que teve pontos de aglomeraçã­o
DANIEL TEIXEIRA/ ESTADÃO - 18/7/2021 Volta. Famílias, ciclistas, turistas e camelôs tomaram a via, que teve pontos de aglomeraçã­o

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