PAULISTA LOTA NA REABERTURA
Uso da avenida para lazer foi de 8h a 12h, com movimento intenso; Prefeitura vai repetir modelo experimental no próximo domingo
Após um ano e quatro meses sem fechar para o lazer por causa da pandemia, a Avenida Paulista atraiu ontem milhares de paulistanos e turistas, além de artistas e ambulantes. Bloqueada para carros pela manhã, a via registrou pontos de aglomeração de pedestres. A Prefeitura vai repetir a iniciativa no próximo domingo.
Do alto de suas pernas de pau, o artista circense Leonardo Carvalho, de 31 anos, tinha visão panorâmica da Avenida Paulista na manhã de ontem. “Agora, vejo um mar de gente”, disse, por volta de 11 horas, enquanto olhava em direção ao Paraíso, na região central da cidade de São Paulo. No primeiro domingo em que a via foi reaberta para o lazer, após mais de um ano desde o início da pandemia, o movimento foi intenso e houve alguns pontos de aglomeração. A Prefeitura disse que vai reabrir a avenida para pedestres no próximo domingo, no mesmo horário (8h às 12h).
Artistas, ambulantes, turistas e paulistanos com saudades da avenida sem carros encheram a via. A movimentação começou tímida às 8 horas, quando a Paulista foi liberada para pedestres, conta Carvalho. Ao longo da manhã, porém, o fluxo de pessoas aumentou. Músicos tocavam MPB. As apresentações de mágica no meio da rua atraíam famílias com crianças e provocavam concentrações de pessoas.
Máscaras para distribuir e borrifador de álcool em gel nas mãos, Carvalho comemorava a contratação de artistas de circo pela Prefeitura para incentivar os cuidados contra o coronavírus na Paulista. Os vendedores também celebravam o movimento. “Para ‘geral’, fica melhor”, diz Luan Bruno da Silva, de 29 anos, com uma cestinha de balas na mão.
Há um mês, Silva vende doces na avenida depois que o bar que abriu no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, teve de encerrar as atividades, em meio à pandemia. “Hoje a Paulista é minha vida.” A maioria dos frequentadores usava máscaras, embora fosse possível ver um ou outro pedestre e ciclista sem. Funcionárias da Prefeitura tentavam “pescar” os descuidados para distribuir equipamentos de proteção. A gestão municipal informou ter distribuído 1,3 mil proteções faciais.
A Paulista foi reaberta em caráter experimental e por pouco tempo – das 8h às 12h, período considerado pela Prefeitura como de menor fluxo de pessoas. A ciclofaixa da avenida ficou aberta para uso até 16h. Antes da pandemia, a Paulista ficava aberta das 10h às 18h, aos domingos e feriados.
A Prefeitura diz que foi possível reabrir a via – após um ano e quatro meses – por causa do avanço da vacinação da covid19: mais de 70% dos moradores da capital já tomaram a 1ª dose. Eventos ao ar livre são considerados mais seguros para evitar o contágio. Mas a chegada da variante Delta ao Brasil, mais transmissível, tem colocado especialistas em alerta.
Empolgação.
Na Praça do Ciclista, turistas faziam fotos e vídeos para o Instagram. De Curitiba, o analista de sistemas Marco Vinícius, de 40 anos, aproveitou a viagem a trabalho para conhecer a avenida sem carros. “Está tranquilo. Um dia lindo e não tão aglomerado”, disse.
A professora Alessandra Oliveira, de 41 anos, viu as notícias da reabertura no jornal e também resolveu aproveitar o domingo ensolarado com os filhos, de 12 anos. A família, que frequentava a Paulista todo domingo antes da pandemia, sentia falta - a mãe, da feirinha; o pai, dos artistas de rua; e os gêmeos Iago e Igor, de admirar os prédios altos e do espaço para brincar. “As crianças não aguentam mais ficar presas em casa”, contou ela, que saiu de Itaquera, na zona leste.
Por volta das 11 horas, os gêmeos tentavam aproveitar a última hora da avenida sem carros para andar de skate. Para a professora, seria melhor estender o tempo de reabertura – até para diluir o público e evitar aglomerações. Segundo a Prefeitura, a reabertura ocorreu sem ocorrências ou apreensões.