O Estado de S. Paulo

Frutas do Brasil ganham mais mercado lá fora

- ISADORA DUARTE E LETICIA PAKULSKI

OBrasil está colocando mais frutas nas prateleira­s dos supermerca­dos do mundo. Quatro mercados foram conquistad­os neste ano: Colômbia, Nicarágua e Senegal autorizara­m vendas de maçãs e a Argentina, de figos. Para a Colômbia, que desde março recebeu 100 toneladas de maçãs nacionais, deverão ser embarcadas 3 mil a 4 mil toneladas da variedade gala até o fim do ano. A projeção é da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM). “Queremos alcançar 10% daquele mercado, que importa 100 mil toneladas por ano, com 10 mil toneladas em 2022”, conta Celso Zancan, diretor Comercial e Logística de Mercado Externo da ABPM. Para ganhar espaço nas mesas dos colombiano­s, o Brasil disputará com o Chile, maior fornecedor da fruta ao país sul-americano. Zancan diz que a maçã brasileira tem menor tamanho, mas ganha em sabor e cor. No médio prazo, o setor espera licenças para exportar maçãs ao Peru, Equador, México, Filipinas, Tailândia e Malásia.

» Novos horizontes. A China é um dos alvos dos exportador­es nacionais de frutas. Protocolos fitossanit­ários para uva, abacate e limão estão sendo discutidos. “O processo está mais adiantado em relação à uva”, diz Guilherme Coelho, presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportador­es de Frutas e Derivados (Abrafrutas). A expectativ­a do setor é obter a autorizaçã­o em até um ano e meio. Há potencial de vendas de US$ 9 milhões.

» Mix. Oportunida­des para o abacate nos Estados Unidos e no Japão também estão sendo avaliadas. “São acessos importante­s para diversific­ar a pauta exportador­a”, considera Flávio Bettarello, secretário adjunto de Comércio e Relações Internacio­nais do Ministério da Agricultur­a. Hoje, 95% das exportaçõe­s das frutas nacionais, de 1,03 milhão de toneladas em 2020, têm como destino a União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos.

» A todo vapor. Com o câmbio favorável e a busca por alimentos saudáveis, exportador­es pretendem faturar 15% mais com vendas externas até o fim do ano, chegando a US$ 1 bilhão, de acordo com a Abrafrutas. Parte da meta, US$ 440 milhões, foi obtida no primeiro semestre. O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, com 45 milhões de toneladas por ano. O setor emprega 5 milhões de pessoas.

» Da Ásia... Após lançar neste ano sua carne de frango à base de plantas em Cingapura, onde está sediada, e também em Hong Kong e Macau, a Nextgen está de olho no Brasil. A ideia é começar a operar aqui entre 2022 e 2023. Andre Menezes, CEO da Nextgen, prevê que o País representa­rá de 15% a 25% das vendas da empresa dentro de 10 anos. “O mercado de plant-based hoje está concentrad­o nos EUA e na Europa, mas entendemos que em 10 a 15 anos Brasil e China também vão estar muito acelerados”, diz o executivo. O mercado chinês também está nos planos.

» ...para o Brasil. A empresa não pretende ter fábrica brasileira mas estabelece­r parceria com fabricante que tenha operação industrial e atue sem marca própria. “Traríamos a nossa tecnologia, nossos ingredient­es e nosso processo para essa fábrica produzir sob a nossa marca”, diz Menezes, que já passou pela BRF. A pandemia retardou as conversas com possíveis parceiros. “Ainda não tivemos oportunida­de de visitar e experiment­ar os produtos”, conta.

» De olho no céu. A empresa sueca de meteorolog­ia Ignitia concluiu rodada de financiame­nto de US$ 4,2 milhões para lançar no Brasil seus serviços de apoio à tomada de decisão, desde a preparação até a colheita da safra agrícola. Segundo o CEO Rui Antunes, a Ignitia adaptou seu sistema às condições do País em um processo que durou cerca de 18 meses. Com uso de Inteligênc­ia Artificial e Machine Learning, garante 84% de precisão nas previsões do tempo.

» Em conjunto. A Ignitia fechou no Brasil uma parceria com a startup Starksat, de monitorame­nto por satélite, que atende produtores em mais de 3 milhões de hectares. Bernardo Arnaud, CEO da Starksat, diz que a empresa usa os serviços da Ignitia em algumas de suas plataforma­s e seguros para prevenção de perdas agrícolas na África e na América Latina.

» Passo Largo. A Farmbox, plataforma de gestão de propriedad­es rurais, prevê monitorar área 40% maior neste ano. Até dezembro, quer cobrir 2,8 milhões de hectares, ante 2 milhões de hectares rastreados atualmente, diz André Cantarelli, CEO da Checkplant/farmbox. Parte do incremento deve vir por meio de parcerias com revendas de insumos e consultori­as agronômica­s. “Queremos alcançar produtores de porte menor, a partir de 2 mil hectares”, diz o executivo. Hoje, o agricultor atendido pela startup tem, em média, 8 mil hectares.

» Do lado. Para a expansão, a agtech mira o Centro-oeste e o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde atua em lavouras de soja, algodão, milho e cana-de-açúcar. “O produtor está mais receptivo a digitaliza­r a operação”, observa Cantarelli. A Farmbox espera também aumentar a sua presença na Bolívia e no Paraguai, dos atuais 45 mil hectares. Uma possível entrada na Argentina está nos planos para 2022/23.

 ?? ABPM ?? Colheita de maçã. País produziu 1,25 milhão de toneladas em 20/21
ABPM Colheita de maçã. País produziu 1,25 milhão de toneladas em 20/21

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil