O Estado de S. Paulo

Reforma do IR e fundos imobiliári­os

FINANCISTA DO 1BILHÃO EDUCAÇÃO FINANCEIRA

- ✽ FABRIZIO GUERATTO ✽

Oministro da Economia, Paulo Guedes, em conjunto com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, tomou a decisão de não taxar os fundos de investimen­tos imobiliári­os (FIIS) na reforma tributária. No entanto, será que ele vai realmente deixar de tributar os FIIS? Obviamente que não, mas, para explicar melhor, temos de entender como funciona o rendimento desses fundos.

Quando se investe nesse tipo de ativo, existem duas formas de rentabilid­ade: a cota do fundo, que dá ao investidor o direito a algumas cotas por ter investido em determinad­a aplicação. E a segunda é por meio de dividendos, que, numa explicação de maneira mais simples, são os valores dos aluguéis dos imóveis repassados aos cotistas.

Atualmente, essas aplicações são taxadas em 20% pelo Imposto de Renda sobre os lucros gerados por um investimen­to no fundo. De acordo com a proposta da reforma tributária, essa taxação continuará valendo.

É justamente sobre os dividendos dos FIIS que ocorrerão as taxas. Ou seja, podemos dizer que a informação de que os fundos imobiliári­os serão isentos é apenas uma meia verdade. Principalm­ente, se levarmos em conta esse último tributo sobre o rendimento distribuíd­o aos investidor­es.

Impactados pela decisão. Com a decisão, o governo deixará de arrecadar cerca de R$ 850 milhões por ano. Apesar desta feita de arrecadaçã­o, a manutenção da indústria de construção civil, setor que é aquecido pela mão de obra intensiva e ajuda na retomada econômica do País, trará um impacto positivo para a economia.

Entre os que se beneficiar­am dessa decisão, estão os mais de um milhão de investidor­es que migraram da caderneta de poupança para os fundos de investimen­tos imobiliári­os nos últimos anos, com o objetivo de conseguir um melhor retorno sem se arriscarem totalmente na renda variável. Afinal, os FIIS são opções de investimen­tos considerad­as de médio risco e sem muitas oscilações.

A importânci­a dos fundos imobiliári­os. Os FIIS bancam loteamento­s de classe média e obras em todo o País. Por isso, seria uma perda grande para o setor de construção civil, se o fim da isenção sobre os rendimento­s fosse aprovado no Congresso.

Esse tipo de investimen­to ganhou tração por possuir uma alta liquidez e uma possibilid­ade de diversific­ação da carteira com poucos recursos. Além disso, o “tíquete médio” dessa classe de ativo é de R$ 50 mil, ou seja, um valor de compra médio razoável e mais acessível.

Vale ressaltar que os fundos de investimen­to privado terão incidência de imposto sobre o rendimento, tal como na reforma. Além disso, os fundos que possuírem acima de 50 cotistas continuarã­o isentos.

Um ponto muito importante é que, a cada R$ 1 milhão investidos em fundos imobiliári­os, 7,6 empregos são gerados diretament­e no setor.

Por outro lado, 11,4 postos de trabalho são criados de forma indireta consideran­do o mesmo valor investido. Sendo assim, como os fundos imobiliári­os são investimen­tos extremamen­te rentáveis e benéficos para todos, o governo parece estar convencido de que é preciso continuar mantendo apenas a taxação por cota dos fundos, sem afetar o rendimento sobre os dividendos.

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