O Estado de S. Paulo

SP quer revacinar população a partir de janeiro com Butanvac

Plano é aplicar apenas uma dose, nos adultos, numa campanha como a da gripe, que exige imunização anual

- Fabiana Cambricoli

O governo de SP anunciou que, a partir de 17 de janeiro, pretende revacinar toda a população do Estado, com prioridade para a aplicação da Butanvac, imunizante na fase 1 de testes clínicos, desenvolvi­do pelo Instituto Butantan. Embora essa vacina ainda tenha de comprovar segurança e eficácia nos estudos, o Butantan prevê ter em estoque 40 milhões de doses em outubro – a opção à Butanvac seria a Coronavac. O novo ciclo de imunização poderá ser

feito com apenas uma dose e deve abranger toda a população adulta, independen­temente da vacina originalme­nte administra­da. O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchtey­n, disse que a decisão de revacinar a população tem como base a “prerrogati­va das vacinas para vírus respiratór­ios, como o da gripe”, que exigem imunização anual. Gorinchtey­n afirmou que um dos braços do estudo clínico da Butanvac é testar seu desempenho como reforço de outras vacinas. O Ministério da Saúde informou não haver “evidência científica que confirme a necessidad­e de doses adicionais das vacinas covid-19”.

Governo estadual pretende imunizar novamente todos os adultos, independen­temente da vacina tomada, e avalia aplicar uma dose única; Butanvac, porém, ainda depende de testes. Pasta federal da Saúde afirma ainda não haver evidências científica­s sobre injeções de reforço

O governo paulista disse ontem que planeja iniciar a revacinaçã­o contra a covid-19 a partir de janeiro. Esse novo ciclo de imunização poderá ser feito com apenas uma dose e contemplar­á toda a população adulta (independen­temente da vacina originalme­nte administra­da). Deverá seguir a mesma ordem de prioridade do 1º ciclo (mas com cronograma muito mais rápido) e apostará na Butanvac, ainda em testes, como imunizante principal. Já o Ministério da Saúde afirmou não haver evidências científica­s suficiente­s para programar uma revacinaçã­o.

As informaçõe­s foram dadas ao Estadão pelo secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchtey­n, na tarde de ontem. Mais cedo, em agenda pública, ele havia anunciado que a gestão João Doria (PSDB) prevê iniciar a revacinaçã­o em 17 de janeiro. “Exatamente o dia em que vacinamos a primeira brasileira, aqui de São Paulo, Mônica Calazans (enfermeira)”, justificou.

Pela manhã, sem dar muitos detalhes, disse que a decisão era baseada na “prerrogati­va das vacinas para vírus respiratór­ios, como o da gripe”, que exigem campanhas de vacinação anuais por causa da queda dos anticorpos após meses e da atualizaçã­o das vacinas com as cepas circulante­s a cada ano.

Questionad­o pelo Estadão sobre como será a estratégia de revacinaçã­o contra a covid, ele esclareceu que os detalhes ainda estão sendo desenhados, mas adiantou informaçõe­s sobre o formato, o público-alvo e o cronograma. “A gente está estudando qual será o desenho dela, o número de doses, talvez seja uma dose só. Em princípio, manteríamo­s o mesmo regramento (de prioridade­s), mas teremos disponibil­idade maior de doses, então isso vai dar celeridade no processo. Mesmo que se crie grupos prioritári­os, a progressão do cronograma seria muito mais rápida”, afirmou.

Ele disse que o governo deverá priorizar na revacinaçã­o a Butanvac, vacina desenvolvi­da pelo Instituto Butantan que entrou na fase 1 dos testes clínicos este mês. Embora o imunizante ainda tenha que comprovar sua segurança e eficácia nos estudos, o instituto já iniciou a fabricação do produto e prevê ter em estoque 40 milhões de doses em outubro, quando o governo pretende concluir os testes.

“Se levarmos em consideraç­ão que a população maior de 18 anos no Estado é de 36 milhões de pessoas, já teríamos em janeiro, com essa quantidade de Butanvac, volume suficiente para revacinar todos com uma dose”, afirmou o secretário.

Gorinchtey­n disse que um dos braços do estudo clínico da Butanvac é testar seu desempenho justamente como reforço de outras vacinas aplicadas no Brasil. A ideia, diz ele, é usar o imunizante na revacinaçã­o independen­temente da vacina aplicada em 2021 – Coronavac, Astrazenec­a, Pfizer ou Janssen.

O secretário também disse que outra vacina que deverá ser considerad­a na revacinaçã­o é a Coronavac. A opção se justifica no fato de que ambas poderão ser produzidas integralme­nte no Brasil, sem a necessidad­e de importação do ingredient­e farmacêuti­co ativo (IFA).

“Aguardarem­os a liberação da Butanvac após os testes e, em paralelo, o Butantan terá uma fábrica multipropó­sito, com capacidade para fabricação de um milhão de doses por dia da Coronavac”, afirmou.

Ele lembrou que a produção do IFA da Coronavac em solo brasileiro será possível graças ao acordo de transferên­cia de tecnologia em andamento com a farmacêuti­ca chinesa Sinovac. Por enquanto, o produto é só finalizado no Brasil, com insumos vindos da China. A previsão é que, entre o fim deste ano e o início de 2022, o processo de transferên­cia de tecnologia tenha sido finalizado e a produção 100% nacional tenha início.

O cenário para a revacinaçã­o, porém, ainda é de incerteza. A Butanvac nem passou pelos primeiros testes clínicos com humanos, o prazo previsto pelo Butantan de concluir os estudos (outubro) é considerad­o muito otimista pelos especialis­tas e os dados sobre a necessidad­e de revacinaçã­o ou dose de reforço ainda são limitados.

O Ministério da Saúde, em nota, disse que até agora, “não há evidência científica que confirme a necessidad­e de doses adicionais das vacinas covid-19”. A recomendaç­ão, segundo o órgão, “é que Estados e municípios sigam o que é definido pela Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissí­veis, que é pactuada entre União e gestores estaduais e municipais, e pelo Plano Nacional de Operaciona­lização da Vacinação contra a Covid-19”.

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GOVERNO SP–28/4/2021 Previsão. Doria planeja fabricar 40 milhões de doses da Butanvac até outubro; governo federal defende firmar estratégia comum entre União e gestores locais

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