CÃO DE DIRIGENTE VIAJOU 28 VEZES
Paçoca, cachorro de Rogério Caboclo, era figura constante no avião da CBF.
O presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, utilizou o avião da entidade ao menos 28 vezes entre junho de 2020 e junho deste ano para transportar parentes, amigos e até mesmo seu cachorro. O Estadão teve acesso ao histórico de uso da aeronave. De acordo com os registros, Paçoca, o cão da família, foi quem mais viajou: esteve presente em todas as vezes que o jatinho foi utilizado. A quilometragem percorrida de avião pelo animal corresponde a uma volta ao mundo.
Caboclo foi afastado do comando da CBF no dia 6 de junho, após se tornarem públicos áudios em que ele aparece fazendo investidas contra a secretária que o denuncia por abuso moral e sexual. As planilhas de voo obtidas pela reportagem são parte de auditorias internas que vêm sendo realizadas pela entidade com o objetivo de colaborar com a Comissão de Ética do Futebol para elucidar o caso.
Conforme consta nos registros, o uso do avião da instituição era tão frequente que a mulher de Caboclo chegou a viajar sem o marido no dia 19 de janeiro, quando fez o trajeto do Aeroporto de Jacarepaguá ao Aeroporto de Congonhas. A ponte aérea Rio/são Paulo era o itinerário padrão da família, que tem casa na capital paulista.
De acordo com a CBF, Caboclo tinha autonomia para decidir como utilizar o avião, que, segundo a entidade, “não deve ser utilizada para fins não relacionados aos interesses da CBF”. “Conforme diretrizes internas, o Presidente tem a prerrogativa de avaliar a necessidade do uso de aeronaves, através da qual identifique a possibilidade de obter algum benefício estratégico para a entidade. A aeronave não deve ser utilizada para fins não relacionados aos interesses da CBF”, informa a CBF em nota.
Procurada, a assessoria de Caboclo divulgou nota: “A CBF, entidade privada, disponibiliza o avião para o presidente fazer o trajeto entre a sede da confederação e a cidade de sua residência – que, no caso dele, fica em São Paulo. Como o presidente passa muitos dias no Rio por causa do trabalho, diversas vezes a família o acompanhou, usando o espaço vago no avião para os trajetos de ida e volta.”