Pesquisa mostra que desmatamento aumenta em anos eleitorais
• Uma pesquisa da USP em parceria com a Universidade Duke (EUA) mostra que o desmatamento da Mata Atlântica costuma aumentar em anos eleitorais. O levantamento, publicado em junho, inclui o período de 1991 a 2014. Em média, o desmatamento sobe pelo menos 3% em anos eleitorais na comparação aos demais. Os pleitos municipais são aqueles com maior efeito na devastação do bioma, com crescimento médio de 4.409 hectares por ano no período analisado. Já nas eleições federais e estaduais, o aumento foi de 3.200 hectares.
O estudo, divulgado originalmente pela revista Conservation Letters, e, no Brasil, pelo portal Poder 360, analisou 2.253 cidades, de sete Estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul a partir de dados do Mapbiomas entre 1991 e 2014. Os pesquisadores cruzaram as informações dos mapas com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No intervalo analisado, a taxa de desmate da Mata Atlântica foi de aproximadamente 136 mil hectares por ano. O aumento no período dos pleitos representa 3% em relação à média anual. O estudo destaca ainda que a área de mata derrubada era antiga, estabelecida e primária, conjunto de fatores importantes para a conservação da biodiversidade do entorno. Para o diretor da Fundação SOS Mata Atlântica, Luis Fernando Guedes Pinto, os resultados mostram que os órgãos de fiscalização ambiental devem sofrer pressão política em ano eleitoral. “Se a gente puder resumir: é uma troca de floresta por voto”, afirmou. “As autoridades ambientais não estão dando conta de fiscalizar nem metade dos alertas que são gerados pelo Mapbiomas”, disse ele. “Há um risco ainda mais grave no ano que vem para ter um aumento no desmatamento.”