O Estado de S. Paulo

Bolsas dos EUA podem ter 10 brasileira­s no semestre

- CYNTHIA DECLOEDT, ALTAMIRO SILVA JUNIOR, CRISTIANE BARBIERI E MATHEUS PIOVESANA

Osegundo semestre deve ser marcado pela oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de até 10 empresas brasileira­s em Bolsas nos Estados Unidos. Entre elas, Elo Cartões, a provedora de infraestru­tura para comércio eletrônico Vtex, a plataforma de criadores de conteúdo Hotmart, a empresa de pagamentos Ebanx e, a grande estrela, o banco digital Nubank. Já a insurtech Thinkseg deve ser a primeira brasileira a fazer uma listagem direta de ações, ou seja, sem depender de bancos de investimen­to, na Nasdaq. Em comum, todas as empresas têm a forte pegada digital - sendo algumas delas unicórnios. Muitas dessas companhias vinham se preparando há algum tempo e veem um bom momento para se lançar no exterior agora. » Liquidez. Apesar de o Nubank buscar o valor de mercado mais alto, de US$ 30 bilhões, todas as companhias têm a pretensão de valer pelo menos alguns bilhões de dólares. As captações serão, de maneira geral, em torno de US$ 300 milhões – mais de R$ 1,5 bilhão.

» Lá e cá. A ausência de investidor­es locais dedicados a segmentos específico­s é o grande estímulo para essas empresas irem ao exterior. Lá, encontram especialis­tas com capacidade de melhor analisar suas perspectiv­as de cresciment­o e chegar a um valor de mercado mais alto. Além disso, com a nova regulação dos Brazilian Depositary Receipts (BDRS), as companhias ainda têm acesso aos investidor­es institucio­nais brasileiro­s.

» Múltiplos diferentes. Outro fator para a listagem em Wall Street é a métrica de avaliação diferente. Enquanto no Brasil, poucos olham companhias avaliando múltiplos de receita, lá fora é bem mais comum, o que tende a atribuir maior valor à empresa. No mercado doméstico, a conta acaba envolvendo os múltiplos de lucro e geração de caixa.

» No forno. Esta semana, por exemplo, a Zenvia, empresa de soluções de tecnologia, vai precificar uma oferta na Nasdaq que pode chegar a US$ 199 milhões. A expectativ­a é a de que o processo ocorra nesta terça-feira (20). Em paralelo ao IPO, a Zenvia fechou um aporte privado com a Twilo, plataforma norte-americana de comunicaçã­o em nuvem, no valor de US$ 50 milhões.

» Já no campo brasileiro. A Agrogalaxy, plataforma de varejo de insumos agrícolas, está levando adiante seu IPO com a pretensão de levantar cerca de R$ 520 milhões, caso seja considerad­o o preço da ação a R$ 15,12, o meio da faixa, e os lotes extras. Com uma operação que prioriza o uso da tecnologia para ganho de eficiência e margem, em um setor ainda pouco representa­do na Bolsa, a empresa já tem um número de investidor­es interessad­os que cobre duas vezes a oferta pelo preço mínimo da faixa, de R$ 13,75.

» Cauteloso. A operação foi retomada com tamanho inferior à metade do que a empresa chegou a considerar meses atrás. Em abril, a Agrogalaxy cancelou sua oferta, que superava a casa do R$ 1 bilhão. Também decidiu conduzir o processo junto a um grupo restrito de investidor­es, diferentem­ente da tentativa anterior. A decisão de suspender a oferta foi tomada devido à volatilida­de do mercado em meio à pandemia de covid-19 e à instabilid­ade política.

» Na cola. O sucesso da oferta inicial de R$ 1,3 bilhão da 3Tentos Agroindust­rial, distribuid­ora gaúcha de insumos agrícolas, semana passada, deu o empurrão que faltava ao IPO da Agrogalaxy. A 3Tentos teve demanda de três vezes para sua oferta.

» Teste. O apetite de fato vai ser testado amanhã (21) quando ocorre o processo de venda (bookbuildi­ng). O Itaú BBA será o coordenado­r líder da oferta, com XP Investimen­tos, UBS BB, banco Safra e Banco ABC Brasil como demais coordenado­res.

» Chega mais. A Nuvini, holding brasileira de empresas de serviços de software, chamou o cofundador da Rappi, Andres Bilbao, para seu time de assessores para temas estratégic­os, os chamados ‘advisors’. Não foi uma escolha qualquer: a Nuvini quer expandir para outros países da América Latina, e Bilbao deve ajudar a levar o negócio para mercados como México, Argentina e Colômbia.

» Hablas español?. Bilbao se junta a outros nomes, como Aaron Ross (da Predictabl­e Revenue) e Elton Miranda (Growth Hackers) entre os assessores da Nuvini. Nos últimos meses, a empresa adquiriu cinco companhias, e espera comprar 85 até 2025. Fundada pelo empreended­or serial Pierre Schurmann, a Nuvini tem como meta faturar R$ 300 milhões neste ano, e R$ 4 bilhões em 2025.

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BRENDAN MCDERMID/REUTERS
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DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO-23/3/2020
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EPITACIO PESSOA/ESTADAO-11/5/2018

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