Bolsas dos EUA podem ter 10 brasileiras no semestre
Osegundo semestre deve ser marcado pela oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de até 10 empresas brasileiras em Bolsas nos Estados Unidos. Entre elas, Elo Cartões, a provedora de infraestrutura para comércio eletrônico Vtex, a plataforma de criadores de conteúdo Hotmart, a empresa de pagamentos Ebanx e, a grande estrela, o banco digital Nubank. Já a insurtech Thinkseg deve ser a primeira brasileira a fazer uma listagem direta de ações, ou seja, sem depender de bancos de investimento, na Nasdaq. Em comum, todas as empresas têm a forte pegada digital - sendo algumas delas unicórnios. Muitas dessas companhias vinham se preparando há algum tempo e veem um bom momento para se lançar no exterior agora. » Liquidez. Apesar de o Nubank buscar o valor de mercado mais alto, de US$ 30 bilhões, todas as companhias têm a pretensão de valer pelo menos alguns bilhões de dólares. As captações serão, de maneira geral, em torno de US$ 300 milhões – mais de R$ 1,5 bilhão.
» Lá e cá. A ausência de investidores locais dedicados a segmentos específicos é o grande estímulo para essas empresas irem ao exterior. Lá, encontram especialistas com capacidade de melhor analisar suas perspectivas de crescimento e chegar a um valor de mercado mais alto. Além disso, com a nova regulação dos Brazilian Depositary Receipts (BDRS), as companhias ainda têm acesso aos investidores institucionais brasileiros.
» Múltiplos diferentes. Outro fator para a listagem em Wall Street é a métrica de avaliação diferente. Enquanto no Brasil, poucos olham companhias avaliando múltiplos de receita, lá fora é bem mais comum, o que tende a atribuir maior valor à empresa. No mercado doméstico, a conta acaba envolvendo os múltiplos de lucro e geração de caixa.
» No forno. Esta semana, por exemplo, a Zenvia, empresa de soluções de tecnologia, vai precificar uma oferta na Nasdaq que pode chegar a US$ 199 milhões. A expectativa é a de que o processo ocorra nesta terça-feira (20). Em paralelo ao IPO, a Zenvia fechou um aporte privado com a Twilo, plataforma norte-americana de comunicação em nuvem, no valor de US$ 50 milhões.
» Já no campo brasileiro. A Agrogalaxy, plataforma de varejo de insumos agrícolas, está levando adiante seu IPO com a pretensão de levantar cerca de R$ 520 milhões, caso seja considerado o preço da ação a R$ 15,12, o meio da faixa, e os lotes extras. Com uma operação que prioriza o uso da tecnologia para ganho de eficiência e margem, em um setor ainda pouco representado na Bolsa, a empresa já tem um número de investidores interessados que cobre duas vezes a oferta pelo preço mínimo da faixa, de R$ 13,75.
» Cauteloso. A operação foi retomada com tamanho inferior à metade do que a empresa chegou a considerar meses atrás. Em abril, a Agrogalaxy cancelou sua oferta, que superava a casa do R$ 1 bilhão. Também decidiu conduzir o processo junto a um grupo restrito de investidores, diferentemente da tentativa anterior. A decisão de suspender a oferta foi tomada devido à volatilidade do mercado em meio à pandemia de covid-19 e à instabilidade política.
» Na cola. O sucesso da oferta inicial de R$ 1,3 bilhão da 3Tentos Agroindustrial, distribuidora gaúcha de insumos agrícolas, semana passada, deu o empurrão que faltava ao IPO da Agrogalaxy. A 3Tentos teve demanda de três vezes para sua oferta.
» Teste. O apetite de fato vai ser testado amanhã (21) quando ocorre o processo de venda (bookbuilding). O Itaú BBA será o coordenador líder da oferta, com XP Investimentos, UBS BB, banco Safra e Banco ABC Brasil como demais coordenadores.
» Chega mais. A Nuvini, holding brasileira de empresas de serviços de software, chamou o cofundador da Rappi, Andres Bilbao, para seu time de assessores para temas estratégicos, os chamados ‘advisors’. Não foi uma escolha qualquer: a Nuvini quer expandir para outros países da América Latina, e Bilbao deve ajudar a levar o negócio para mercados como México, Argentina e Colômbia.
» Hablas español?. Bilbao se junta a outros nomes, como Aaron Ross (da Predictable Revenue) e Elton Miranda (Growth Hackers) entre os assessores da Nuvini. Nos últimos meses, a empresa adquiriu cinco companhias, e espera comprar 85 até 2025. Fundada pelo empreendedor serial Pierre Schurmann, a Nuvini tem como meta faturar R$ 300 milhões neste ano, e R$ 4 bilhões em 2025.