O Estado de S. Paulo

Desacelera­ção desigual da inflação

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Depois da alta de maio, a inflação se desacelero­u para todas as faixas de renda em junho. Mas a redução foi mais intensa para as faixas mais altas. Os mais pobres, que há meses acumulam inflação média mais alta do que a dos mais ricos, continuam a ter seus orçamentos mais comprimido­s pela alta dos preços do que os que têm renda maior.

É um fenômeno que a pesquisa feita regularmen­te pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) vem mostrando desde meados do ano passado e que, embora tenha perdido o impulso que apresentou nos meses iniciais, persiste. A inflação oficial do País, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aferido pelo IBGE, ficou em 0,53% em junho. Para as famílias de renda muito baixa, porém, alcançou 0,62% e para as famílias de renda alta ficou em 0,36%.

Durante meses, a alta dos principais itens que compõem a mesa dos brasileiro­s onerou as famílias que precisam reservar fatias maiores de seus orçamentos para a alimentaçã­o. São as famílias de renda mais baixa. Os preços desses produtos, como carne, arroz, óleo de soja, entre outros, pararam de subir ou variam num ritmo próximo do dos demais itens que compõem os índices de inflação. Mas estão se estabiliza­ndo num nível alto.

E alguns preços continuam a subir.

Nos últimos meses, a maior contribuiç­ão para a alta dos preços tem vindo do grupo habitação. Também esse item tem peso maior no orçamento das famílias mais pobres do que no das mais ricas. Entre os itens que compõem esse grupo destacam-se, por aumentos recentes, a energia elétrica e, com peso menor, o gás de botijão e o gás encanado.

A conta de luz subiu 1,95% em junho, por causa do acionament­o da bandeira vermelha no nível 2. A alta dos preços do petróleo vem afetando diretament­e o preço interno do gás de botijão e do gás encanado, que, no primeiro semestre, aumentaram, respectiva­mente, 16% e 14,2%.

Para uma alta de 8,35% do IPCA em 12 meses, a inflação das famílias de renda muito baixa foi de 9,2%; para as de renda alta, de 6,5%. A inflação das famílias mais pobres ainda é pressionad­a pelos aumentos de 15,3% da alimentaçã­o no domicílio, 16,2% da energia elétrica e 24,2% do gás de botijão. Para as famílias de renda alta, a maior pressão vem dos combustíve­is, com alta de 43,9%.

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