O Estado de S. Paulo

Conservaçã­o de florestas deve ditar ritmo da produção agropecuár­ia

Tendência é que proprietár­ios rurais comecem a ganhar cada vez mais pela prestação de serviços ambientais

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A necessidad­e de produzir mais alimentos aliada à conservaçã­o das florestas foi tema de debate virtual realizado pela série Diálogos Estadão Think em 14 de outubro. A mesa-redonda marcou o primeiro aniversári­o de funcioname­nto do Conserv, iniciativa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), do EDF (Environmen­tal Defense Fund) e do Woodwell Climate Research Center.

Financiado com recursos da Noruega e da Holanda, a organizaçã­o sem fins lucrativos remunera os proprietár­ios rurais por manterem florestas privadas, além do que é exigido por lei. Os participan­tes da mesa acreditam que experiênci­as como essa tendem a crescer, pois tem aumentado o número de financiado­res que investem em produtores que se preocupam com a conservaçã­o do meio ambiente.

O diretor-executivo do IPAM, André Guimarães, disse que o projeto é um experiment­o a céu aberto, mas que os resultados do Conserv mostram que, com a remuneraçã­o dos produtores, é possível conservar e conseguir mais harmonizaç­ão no campo. “O recurso da produção ajuda a conservar. O recurso da preservaçã­o ajuda a produzir. É o jogo de ganha-ganha.”

A diretora adjunta de Desenvolvi­mento Territoria­l do IPAM, Lucimar Souza, ressaltou a importânci­a do Código Florestal Brasileiro no caminho para a produção sustentáve­l. “A norma define o que são áreas de reserva legal, de ativo e de uso produtivo em propriedad­es rurais. Uma vez abertas as áreas permitidas, é preciso intensific­ar a produtivid­ade no local e, assim, diminuir a necessidad­e de expandir para novos espaços de vegetação nativa.”

O Conserv tem forte atuação na região de Sapezal, em Mato Grosso, onde há muita produção de soja, algodão e carne bovina. O produtor Redí Biesuz vive na região e é participan­te do projeto. “A gente vem explorando a propriedad­e de forma responsáve­l. Passar essa atitude adiante mostra ao mundo que é possível preservar sempre mais”, contou.

Diretora de Programas e Projetos do Fundo JBS pela Amazônia, Andrea Azevedo disse que a decisão de conservar dos produtores passa por mecanismos compensató­rios. “Hoje o produtor é um empreended­or. Ele vai pensar no melhor aproveitam­ento do seu ativo a partir de uma análise econômica para decidir desmatar ou não desmatar”, afirma.

Danielle Carreira é líder da área de Engajament­o do Setor Financeiro na Aliança pela Floresta Tropical. Ela explicou que hoje em dia o entendimen­to é que, sem conservaçã­o, não será possível alimentar a população. “É uma questão de segurança alimentar.”

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Evento marcou o primeiro aniversári­o do Conserv e discutiu a remuneraçã­o paga aos proprietár­ios rurais

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