O Estado de S. Paulo

Santos se vale de mecanismo da Fifa e lança token dos ‘Meninos da Vila’

Clube quer aproveitar capacidade de revelar talentos para aliviar a crise financeira; cesta tem 12 atletas, entre eles Neymar

- RICARDO MAGATTI

O Santos seguiu o caminho de outros clubes brasileiro­s e também entrou para a economia digital. Vai lançar na próxima terça-feira um token baseado no mecanismo de solidaried­ade da Fifa, o Token da Vila. O clube quer aproveitar sua capacidade de revelar grandes talentos para aliviar a crise financeira, uma vez que os torcedores poderão investir em um produto ligado a uma cesta composta pelos atletas formados na base santista, como Neymar.

A iniciativa é do Mercado Bitcoin Digital Assets, unidade de tokenizaçã­o da maior corretora de criptoativ­os da América Latina. O token custará R$ 50 cada na sua oferta inicial e é baseado no direito que o Santos tem sobre 12 jogadores que revelou, por meio do mecanismo de solidaried­ade da Fifa. O mecanismo estabelece que um porcentual de até 5% sobre cada transferên­cia do jogador seja repassado ao clube que o formou entre os 12 e 23 anos.

O Token da Vila será remunerado toda vez que acontecer uma transferên­cia onerosa de um dos jogadores da cesta. Serão cerca de 600 mil ativos digitais, que totalizam uma oferta de R$ 30 milhões ao mercado.

“Os clubes estão precisando se reinventar quanto às receitas. Não podem ficar sempre dependendo só de receita de direitos de transmissã­o dos jogos ou vendas de jogadores. Existe esse mecanismo colocado pela Fifa e muita gente resolveu monetizar para atender a uma demanda que existe no mercado, que são os sóciostorc­edores. Eles participam desse rendimento e o clube angaria recursos por meio de uma receita diferente”, disse ao Estadão o presidente do Santos, Andres Rueda.

“Encontramo­s no mecanismo de solidaried­ade da Fifa uma oportunida­de de trazer para o cesto uma receita que outrora seria incerta para o clube”, explica o executivo de marketing do Santos, Rafael Soares. “Essa operação é interessan­te porque ganha o clube, gerando receita nova, ganha o Mercado de Bitcoin e certamente ganhará o comprador do Token da Vila, porque a expectativ­a de transacion­ar esses atletas listados é alta.”

Token é uma moeda virtual atrelada a algum ativo. Apesar de ainda dar os primeiros passos no Brasil, a venda desses artigos já é comum entre equipes tradiciona­is da Europa, como Barcelona, Milan e PSG.

O Santos entende que o diferencia­l de seus criptoativ­os em relação ao dos outros clubes é a cesta com jogadores jovens que têm uma carreira ascendente e potencial de valorizaçã­o, sobretudo no ano que vem, quando acontece a próxima Copa do Mundo, no Catar. Além do craque Neymar, também são ofertados como ativos digitais Gabigol, atualmente no Flamengo, Rodrygo, hoje no Real Madrid, Alex Sandro, na Juventus, e Lucas Veríssimo, que está no Benfica.

“O Santos sempre manteve essa tradição de revelar craques, como os que estão no token, e isso fortalece muito a proposta do nosso produto”, explica Ronaldo Faria, diretor do Mercado Bitcoin. “É uma oportunida­de rara de apostar em jogadores promissore­s se utilizando da tecnologia mais moderna para proteger esse investimen­to”, completa.

Nos quatro primeiros meses de oferta primária do Token da Vila, o valor unitário do token se mantém fixo em R$ 50 cada. Depois, será aberto o mercado secundário no qual o preço do token varia de acordo com a oferta e a demanda.

EM CAMPO. Hoje o Santos recebe o América-mg às 17h pelo Campeonato Brasileiro e, com Wagner Leonardo suspenso, o técnico Fábio Carille pode abrir mão do esquema com três zagueiros. No ataque, Diego Tardelli tem chance de ganhar a vaga de Raniel.

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Neymar saiu da Vila Belmiro há quase uma década, mas ainda pode render bom dinheiro ao Santos

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