As crianças que lutam contra a crise ambiental
Não há idade nem lugar para começar a fazer a diferença no entorno e ensinar até os mais velhos sobre a sustentabilidade
Ao redor do mundo, centenas de jovens são símbolos de pautas sustentáveis e da luta contra a crise climática. Não é diferente no Brasil. Crianças e adolescentes se esforçam em trabalhos e projetam um País mais consciente a partir do bom uso dos recursos naturais disponíveis em suas comunidades. As atividades realizadas podem até ser diferentes, mas os pequenos se encontram em um ponto: não há idade nem lugar para começar a fazer a diferença. Uma das inspirações é a ativista sueca Greta Thunberg,
Em Fortaleza, na foz do Rio Cocó, Haley Sá Barreto, de 12 anos, é um dos instrutores no Ecomuseu do Mangue da Sabiaguaba, fechado pela pandemia e agora reaberto. O préadolescente cresce com a fauna e flora do ecossistema manguezal, e, desde os 6 anos, ministra palestras na sede da organização sobre um acervo de quase 200 peças, com arcadas de tubarões, ossadas de baleias e crustáceos, por exemplo. Depois, junto dos avós, segue por uma trilha de 1,5 quilômetro para apresentar o local aos visitantes. Alunos de escolas públicas e privadas do Ceará integram o principal público da iniciativa, e identificam na prática os animais e a vegetação no mangue-vermelho, mangue-branco, mangue-preto e mangue-de-botão. “Esses espaços são muito importantes para o nosso oxigênio e para a vida marinha. Mas, infelizmente, não se fala tanto sobre isso”, lamenta Haley. O Ecomuseu já recuperou dois hectares de vegetação nos locais.
No entanto, o menino lamenta ainda a quantidade de lixo que tem de recolher. Da última vez que realizou a tarefa, segundo ele, quase uma tonelada de resíduos foram coletados do ecossistema.
Assim como Haley, as atividades sustentáveis de Eloah Silva, de 8 anos, estão diretamente ligadas à comunidade onde vive. A menina é uma das crianças mais ativas na organização não governamental Núcleo Especial de Atenção à Criança (Neac), em Campo Grande, no Rio de Janeiro.
O lixo da rua não passa mais despercebido para ela. Isso porque sempre que vê junta o material reciclável, leva para casa e troca pelo Eco Real, primeira moeda sustentável do País criada em 2002, que pode ser utilizada na compra de guloseimas e alimentos. A cultura contagiou os irmãos mais novos, de 4 e 6 anos. “Se eles encontram garrafas em algum lugar, já correm para pegar.”