O Estado de S. Paulo

Bradesco deve abrir base em Portugal para ‘seguir’ milionário­s brasileiro­s

- FERNANDA GUIMARÃES

O Bradesco colocou na mesa a possibilid­ade de abrir um escritório para atender seus clientes ricos que se mudaram para

Portugal. O mercado lusitano já vinha sendo monitorado havia tempos pelo banco. Depois da pandemia, um movimento mais acelerado de migração de famílias clientes do segmento private da instituiçã­o financeira, dedicado aos clientes com milhões para investir, fez com que os estudos sobre o desembarqu­e fossem retomados, conta o responsáve­l pelo private banking do Bradesco, Guto Miranda.

O executivo afirma que, até aqui, o banco tem atendido esses clientes que se mudaram a Portugal com profission­ais sediados na unidade do Bradesco em Luxemburgo, que se deslocam para fazer o atendiment­o. “Percebemos que tanto por conta do Golden Visa (possibilid­ade de obtenção de visto de residência por investimen­tos), quanto pela compra do imóvel, mais clientes nossos têm migrado para Portugal”, diz Miranda. A ideia, segundo ele, é que isso ocorra tão logo acabe a pandemia.

“Entre 50 e 100 famílias atendidas pelo private migraram para lá entre 2020 e 2021. Para nós, isso traz mais um potencial de cresciment­o offshore

(no exterior)”, diz o executivo. A área do private banking do Bradesco engloba R$ 365 bilhões em recursos sob custódia, ou uma participaç­ão de cerca de 20% desse mercado, que soma um total de R$ 1,8 trilhão, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro­s e de Capitais (Anbima).

Continuar próximo aos clientes tem se demonstrad­o uma estratégia importante em um momento de alta disputa por esse filão de mercado. Caso siga esse caminho, o Bradesco vai atrás dos passos do Itaú Unibanco e BTG Pactual, que se posicionar­am no país, seguindo o rastro do dinheiro de seus clientes. A XP tem um projeto semelhante.

Porta de entrada. O olhar para o mercado português é uma estratégia necessária para que os bancos não só acompanhem seus clientes, mas também se posicionem no mercado europeu, aponta o diretor da área bancária da consultori­a alemã Roland Berger, João Bragança.

O segmento private em Portugal representa um total de US$ 200 bilhões, segundo cálculos da Roland Berger. Esse número veio crescendo ao longo dos últimos dez anos, desde que o governo português trouxe benefícios para atrair investidor­es estrangeir­os ao País, em troca de cidadania. Isso atraiu a alta renda de outros países – o Brasil, pela questão do idioma, liderou esse movimento. “Ter uma presença local é importante para os bancos manterem a fidelizaçã­o desse cliente”, diz Bragança.

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