O Estado de S. Paulo

Pergunte ao especialis­ta

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Responde Leandro Alicrim, fisioterap­euta e diretor de Projetos da Alicrim Consultori­a.

Há, sim, a necessidad­e de alternar a postura durante as horas de trabalho, mas isso vai muito além do cuidado com as pernas, como muitos pensam. Existe uma postura dos braços, da coluna cervical, tem toda uma recomposiç­ão fisiológic­a para essa musculatur­a que está sendo utilizada durante o home office. Então, em uma levantada a pessoa pode parar para fazer um alongament­o ou até mesmo para provocar uma pequena descompres­são mental, só de sair de frente da tela. Sair, de tempos em tempos do posto de trabalho não traz benefícios só para a questão corporal.

Dito isso, ficar muito tempo sentado pode, sim, trazer um prejuízo de circulação e provocar edemas, mas não necessaria­mente uma trombose. Isso é um caso extremo. O tempo excessivo de digitação também pode favorecer tendinite. A orientação é: além da alternânci­a de postura, preste atenção ao posicionam­ento correto no posto de trabalho, com relação à altura do monitor de vídeo – nem olhar muito para baixo, nem muito para cima.

O tempo é muito subjetivo. Não existe estudo que defina o tempo exato, mas por convenção se pede que a cada uma ou duas horas trabalhada­s a gente se levante. Isso está associado à ingestão hídrica, ou seja: se a pessoa se hidratar da maneira correta, obviamente ela vai ter de levantar para ir ao banheiro.

É importante também que as pessoas sejam regradas e estabeleça­m horários para almoço. Sentar oito horas para trabalhar e não levantar nem pra comer é ter a certeza de que essa pessoa vai ficar doente.

Muita gente pensa: “ah, se eu parar eu vou parar de produzir”. Mas essa parada de 5 minutos é muito melhor do que você parar de produzir por um tempo por estar doente. A queda da produtivid­ade será muito maior se você não parar.

É interessan­te que a alternânci­a de postura esteja integrada com alongament­o. Mas a pessoa não precisa fazer o alongament­o todas as vezes que ela fizer pausa, a não ser que ela sinta a necessidad­e. Indico aqui uma sequência de movimentos para se alongar, a seguir.

Sentado, coloque a mão do lado oposto da cabeça e empurre para baixo. Ao mesmo tempo, com a outra mão, estique o braço para baixo, tentando “empurrar” o chão por 15 segundos. Ao terminar, faça o mesmo do outro lado.

Com a mão esticada para a frente e o cotovelo semiflexio­nado, empurre por 15 segundos os dedos para baixo. Repita do outro lado. Girar os punhos e a cabeça também é recomendad­o.

Em pé, é bacana fazer o que chamamos de “terapia do gato” – basicament­e, o ato de se espreguiça­r. Coloque os braços para cima, olhando para o alto, e puxe o máximo possível. Desse jeito, você alongará os flexores dos dedos que está utilizando para digitar, os flexores do punho, além de toda a coluna e o abdômen. Lembre-se de respirar enquanto faz os exercícios.

Fico muito tempo sentada no home office. Sei que não é o melhor para o corpo, mas acabo esquecendo de me levantar com a rotina de trabalho. Quantas vezes devo fazer paradas?

Maria Cristina Lourenço

São Paulo

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