O Estado de S. Paulo

Trump garante vitória de candidatos em prévias de olho na eleição de 2024

Estados Unidos Ex-presidente apoiou mais de 150 republican­os em primárias legislativ­as e estaduais, em uma tentativa de consolidar seu poder e viabilizar sua candidatur­a presidenci­al

- RENATO VASCONCELO­S, COM NYT, REUTERS, WP e AP

Mesmo afastado, Donald Trump ainda é uma das figuras mais influentes dos EUA. Ele foi decisivo para a vitória nas prévias do Partido Republican­o dos 22 candidatos que apoiou em Indiana e Ohio, na semana passada, e em Virgínia Ocidental, na terça-feira.

O triunfo mais importante foi o de Alex Mooney, um dos únicos pré-candidatos republican­os que disputavam a vaga com outro congressis­ta, David Mckinley. No discurso da vitória, Mooney fez uma reverência ao ex-presidente. “Trump ama a Virgínia Ocidental, e a Virgínia Ocidental ama Trump”, afirmou.

Até o início do mês, Trump declarou apoio a mais de 150 pré-candidatos. Com as prévias concluídas em cinco Estados, ter o ex-presidente no palanque foi bom para a maioria. Em Ohio e Indiana, o prestígio do ex-presidente foi decisivo.

O caso mais emblemátic­o foi o de J.D. Vance, que obteve a vaga para se candidatar ao Senado por Ohio. Considerad­o um azarão diante de rivais com história no partido, ele ganhou apoio do ex-presidente três semanas antes das prévias, o suficiente para empurrá-lo para a vitória.

O mesmo aconteceu no Texas, em março. Quase todos os pré-candidatos que atrelaram sua imagem à do ex-presidente venceram. Para analistas, as primárias republican­as revelaram as divisões internas do partido e a atuação de Trump indica uma tentativa de moldar a legenda em torno da ala mais ideológica, pavimentan­do o caminho para sua candidatur­a presidenci­al em 2024.

“Pela primeira vez desde 2016, há uma linha clara não apenas entre Trump e o establishm­ent, mas entre populismo e conservado­rismo. Essa linha ficará borrada novamente assim que as primárias acabarem”, escreveu Ross Douthat, colunista do New York Times.

LIMITES. Apesar do sucesso inicial, analistas apontam que Trump vem testando os limites de sua popularida­de. Em Ohio e Nebraska, dois Estados com governador­es republican­os populares e desafetos de Trump, o ex-presidente não se arriscou a apoiar dissidente­s.

A estratégia de hipotecar apoio em prévias disputadas é no mínimo arriscada – um político habilidoso, dizem analistas, evitaria as primárias mais difíceis. “Sou um apostador”, justificou Trump a um assessor, segundo o Washington Post.

Alguns apoios de Trump têm provocado brigas entre seus assessores, que as consideram arriscadas. Em disputas importante­s, o selo Trump não garantiu a vitória e alguns temem que ele esteja diluindo seu capital político ao apoiar centenas de candidatos para cargos de baixo escalão.

Segundo aliados, Trump acredita que pode afetar as disputas e manter seu domínio do Partido Republican­o. Segundo o Post, ele gosta de fazer campanha contra candidatos apenas para ver seus números caírem.

As eleições de meio de mandato, em novembro, costumam ser uma dor de cabeça para o partido do presidente, que quase sempre perde espaço no Congresso. Não bastasse o histórico desfavoráv­el, os democratas ainda sofrem com a baixa popularida­de de Joe Biden.

“A história nos diz que os democratas perderão o controle da Câmara e do Senado. A única coisa que pode nos salvar é se os republican­os nomearem um bando de loucos de extrema direita, que são inaceitáve­is em uma eleição geral”, disse o estrategis­ta democrata Dale Butland. •

Prestígio

Em Ohio e Indiana, todos os 22 candidatos apoiados por Trump venceram a disputa interna na semana passada

 ?? HANNAH BEIER / REUTERS–6/5/2021 ?? Trump com Mehmet Oz (E) que concorre ao Senado pela Pensilvâni­a
HANNAH BEIER / REUTERS–6/5/2021 Trump com Mehmet Oz (E) que concorre ao Senado pela Pensilvâni­a

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