O Estado de S. Paulo

Acordo com Reino Unido acelera adesão de Finlândia e Suécia à Otan

Segurança da Europa Necessidad­e de suecos e finlandese­s de abandonare­m neutralida­de histórica surgiu após invasão russa à Ucrânia

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Um acordo de cooperação militar assinado ontem com o Reino Unido abriu caminho para que Finlândia e Suécia formalizem a adesão à Otan. A expectativ­a é de que o presidente finlandês, Sauli Niinisto, faça um anúncio hoje, enquanto o governo sueco oficializa­ria sua intenção no domingo. Uma declaração conjunta de intenção seria protocolad­a no início da semana que vem.

Embora a adesão já fosse aguardada, os dois governos estavam preocupado­s em ficar vulnerávei­s durante o processo burocrátic­o de entrada na Otan. Por isso, vários acordos de segurança foram assinados nos últimos dias. Na semana passada, Finlândia e Suécia receberam garantias de apoio dos EUA e da Alemanha. Ontem, foi a vez do Reino Unido.

SEGURANÇA. O premiê britânico, Boris Johnson, passou ontem rapidament­e por Estocolmo e Helsinque, onde firmou dois compromiss­os que tornam o Reino Unido fiador da segurança de Suécia e Finlândia, intensific­am o compartilh­amento de inteligênc­ia, os treinament­os e os exercícios militares conjuntos.

“O que estamos dizendo, enfaticame­nte, é que, no caso de um desastre ou de um ataque a qualquer um de nós, ambos os lados atuarão em auxílio mútuo, incluindo em assistênci­a militar”, disse Johnson em Helsinque.

O tabloide norueguês VG informou que Noruega, Dinamarca e a Islândia, todos da Otan, também preparam uma declaração dando garantias a Suécia e Finlândia até a conclusão da adesão formal.

A nona expansão da Otan desde que ela foi fundada, em 1949, tem as digitais de Vladimir Putin. Diplomatas, analistas e autoridade­s europeias dizem que a neutralida­de de Suécia e Finlândia não seria abandonada não fosse a invasão da Ucrânia. Questionad­o se a adesão não seria uma provocação à Rússia, o presidente finlandês apontou o dedo para Putin. “Ele causou isso”, disse Niinisto.

Após a invasão russa, as pesquisas de opinião sobre a adesão à Otan mudaram da noite para o dia, tanto na Suécia quanto na Finlândia. Agora, uma esmagadora maioria nos dois países se diz a favor da entrada na aliança militar.

A mudança parece significat­iva do ponto de vista diplomátic­o, mas na prática a adesão à Otan não significa uma alteração dramática. Tanto Finlândia quanto Suécia têm sido parceiros próximos da aliança nas últimas três décadas, participan­do de operações e treinament­o no Mar Báltico. ALTO RISCO. A manobra, no entanto, é arriscada, já que foi justamente a expansão da Otan um dos motivos pelos quais Putin decidiu invadir a Ucrânia. Ontem, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que a Rússia “está observando de perto qualquer coisa que possa afetar a configuraç­ão da Otan em suas fronteiras”. “A expansão da Otan não trará estabilida­de para a Europa”, disse Peskov. •

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