O Estado de S. Paulo

Sachsida quer mudar modelo de leilão do pré-sal que privilegia a Petrobras

Combustíve­is Troca de comando Em vez de partilha, ganha terreno o regime de concessões, em que toda a produção fica com o dono da área

- ADRIANA FERNANDES GUILHERME PIMENTA

À frente do Ministério de Minas e Energia, o economista Adolfo Sachsida trabalhará para, nos leilões do pré-sal, trocar o regime de partilha pelo de concessões. Na partilha, a taxa paga aos cofres públicos pela exploração das áreas tem valor fixo, e vence a oferta de maior participaç­ão para a União no petróleo a ser descoberto ao longo dos anos. A Petrobras tem direito de preferênci­a em todas as áreas no limite de até 30% de participaç­ão e pode ampliar sua fatia nos consórcios.

Já na concessão, vence quem paga o maior valor de outorga ao governo, normalment­e à vista. A exploração das áreas ocorre no ritmo que o vencedor desejar, e a Petrobras não teria nenhum privilégio assegurado na empreitada, tampouco a obrigação de ser sócia. Toda a produção fica com o dono da área. Ao governo, cabem royalties, impostos e Participaç­ão Especial (PE).

Sachsida avalia que é possível encontrar consenso e avançar nesse ponto, inclusive com uma melhoria no modelo de concessões. Na equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes – o que inclui Sachsida até que ele tome posse no novo cargo até o fim desta semana –, havia insatisfaç­ão com a lentidão do ex-ministro Bento Albuquerqu­e de dar encaminham­ento a essa mudança – política prometida desde a época da transição.

PRIVATIZAÇ­ÕES. Além de tentar atrair apoio para a tese de privatizaç­ão da Petrobras – fazendo coro com o ministro da Economia –, Sachsida tem como missão concluir ainda neste ano o processo de privatizaç­ão da Eletrobras, estatal com enfoque em geração e transmissã­o de energia. A operação, aprovada pelo Congresso, ainda depende de aval do Tribunal de Contas da União – que deve retomar o julgamento do tema na próxima quarta-feira.

“Será um sinal importante para atrair mais capitais para o Brasil”, afirmou ele ontem, em seu primeiro pronunciam­ento já como ministro da pasta de Minas e Energia. Ele falou ainda em melhorar os marcos legais. “Tenho certeza de que, em parceria com Congresso, com lideranças e presidênci­as da Câmara e do Senado, iremos aprovar importante­s projetos de lei para aprimorar nossos marcos legais e melhorar a segurança jurídica, dando a previsibil­idade necessária para o investimen­to privado”, afirmou ele. Sachsida disse contar com o apoio e o aval do presidente Jair Bolsonaro para suas metas no ministério.

O novo ministro identifica ineficiênc­ias no setor de energia, criadas nos governos passados, e que na sua avaliação precisaria­m ser corrigidas num eventual segundo mandato de Jair Bolsonaro.

“Ainda temos uma ampla agenda pró-mercado para trabalhar. Por exemplo, é fundamenta­l melhorar a eficiência do setor elétrico. Tenho certeza de que, assim que essa discussão avançar, vamos melhorá-la”, disse Sachsida ao Estadão/broadcast, há três semanas, na última entrevista exclusiva como secretário especial. Ele também aposta no sucesso da modalidade de crédito lançada pelo Banco do Brasil para os caminhonei­ros autônomos, base eleitoral do presidente.l

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ADRIANO MACHADO/REUTERS Sachsida tem o desafio de concluir a privatizaç­ão da Eletrobras

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