O Estado de S. Paulo

Foco na redução da velocidade

Mês marca o lançamento do Projeto Vias Seguras para esclarecer a sociedade sobre o tema

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Daniela Saragiotto

OBrasil possui um dos mais altos índices de acidentes do mundo e, historicam­ente, não por acaso, também é conhecido pelos elevados limites de velocidade para os veículos. De acordo com Ana Luiza Carboni, diretora da União de Ciclistas do Brasil (UCB), se um atropelame­nto acontece a 30 km/h, há 10% de chance de o pedestre morrer; já se o incidente ocorrer a 50 km/h, a chance de morte é de mais de 80%. “Pedestres e ciclistas são as principais vítimas dessa realidade. Por isso, é urgente que o Poder Público tome iniciativa­s para proteger essas vidas. Trata-se de uma pauta de saúde pública”, explica a executiva da UCB, organizaçã­o que promove o uso da bicicleta no País.

Neste mês dedicado à segurança viária, a UCB, juntamente com diversas outras organizaçõ­es, promoveu, em Brasília (DF), eventos para lançamento do Projeto Vias Seguras, que busca levar esclarecim­ento ao debate da redução das velocidade­s nas vias brasileira­s, propor alteração na legislação, além de campanha de conscienti­zação da sociedade.

EMBASAMENT­O TÉCNICO

Para apoiar a causa, a UCB contratou uma pesquisa, feita pelo Instituto Multiplici­dade Mobilidade Urbana, que tem como objetivo mensurar o impacto de boas práticas de redução de velocidade no número de mortos e feridos em São Paulo, Fortaleza e Curitiba, no Brasil, em Bogotá, na Colômbia, e em Santiago do Chile. “E levantar a opinião dos motoristas brasileiro­s nesse assunto”, explica Ana Luiza. Segundo ela, também está sendo produzido um parecer jurídico para mobilizar atores-chave para a alteração da legislação atual sobre o tema.

Entre os principais resultados do estudo estão que nove motoristas, em cada dez, entendem que o nível de mortes nas vias brasileira­s é alto e que essa é uma questão urgente.

Apesar disso, oito em cada dez entrevista­dos não citam a redução nos limites de velocidade entre os fatores mais importante­s para diminuição nas mortes, apesar de metade deles concordar que velocidade­s mais baixas evitam óbitos. “Essa contradiçã­o mostra que temos um trabalho importante de comunicaçã­o e de educação a ser feito para desmistifi­car a redução nas velocidade­s como sendo algo inútil ou negativo”, conclui Ana Luiza.

MAIS FRÁGEIS

Focando, especifica­mente, nos ciclistas, o estudo revela que, na cidade de São Paulo, em torno de 48,5% do total de mortes de pessoas que estavam em bicicletas foram causados por automóveis. “De fato, os automóveis estão envolvidos em mais de 50% das mortes no trânsito da capital quando incluímos, além dos ciclistas, os pedestres. Isso demonstra a necessidad­e de acalmar o tráfego como forma de humanizar as cidades e salvar vidas”, explica Glaucia Pereira, fundadora da Multiplici­dade Mobilidade Urbana, empresa responsáve­l pela pesquisa.

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Ciclistas e pedestres, os mais frágeis no sistema de tráfego, são as principais vítimas da violência no trânsito
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