O Estado de S. Paulo

Petistas veem prejuízo para Lula no embate com Bolsonaro sobre urnas

Para aliados do petista, resposta deve vir do Judiciário; campanha, porém, busca canal com militares para defender sistema eleitoral

- BEATRIZ BULLA LUIZ VASSALLO

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que o pré-candidato petista não deve entrar no debate público provocado pelas investidas do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o sistema eleitoral. Aliados próximos de Lula acreditam que Bolsonaro ganha espaço quando o petista repercute suas polêmicas e a resposta institucio­nal deve vir e tem vindo do Judiciário.

Com a preocupaçã­o de não se deixar capturar pelas pautas impostas pelo adversário, a orientação entre dirigentes da campanha de Lula é não inflar a ideia de que há uma tentativa de golpe em curso. A avaliação é de que o presidente se alimenta politicame­nte de confusões e joga com o medo.

Mas, se em público a tática é ignorar o tema o quanto possível, nos bastidores os aliados do petista se concentram em manter canais abertos com militares e construir uma coalizão de vozes que aceitem defender publicamen­te o sistema eleitoral. A conversa, no entanto, tem acontecido de forma orgânica, não organizada pelo comando da campanha.

“O maior desafio da campanha não é ter maioria de votos, é construir um ambiente que legitime essa maioria”, disse o ex-governador do Maranhão Flávio Dino (PSB), no lançamento da pré-candidatur­a de Lula e Geraldo Alckmin (PSB).

Conforme relatos, o ex-governador tem participad­o de articulaçõ­es para atrair políticos de fora do arco de apoio a Lula em defesa do atual processo eleitoral. Os aliados do petista costuram um movimento que reúna também ex-presidente­s do Tribunal Superior

Eleitoral. Além de Dino, os ex-ministros da Defesa Nelson Jobim e Aldo Rebelo têm participad­o de conversas sobre o tema. Jobim é um dos emissários de Lula nas conversas com militares sobre garantias à eleição, como revelou a colunista do Estadão Vera Rosa.

ECONOMIA. A forma de tratar os ataques de Bolsonaro às urnas foi tema de conversas em jantar que reuniu parlamenta­res em homenagem ao deputado Márcio Macêdo (PT-SE), em Brasília, na última terça-feira.

Responsáve­l pela comunicaçã­o da campanha de Lula, o deputado Rui Falcão chegou ao jantar após os debates, mas é um dos que têm defendido que a sigla se concentre na pauta econômica. “Temos um foco: acompanhar as demandas para reconstrui­r o País. É isso que está mobilizand­o as pessoas e essa é nossa pauta. Temos que nos concentrar nisso.”

Apesar disso, parlamenta­res da linha de frente da campanha de Lula – o deputado Paulo Teixeira (PT) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede) – pretendem visitar o TSE na próxima semana para dar uma declaração de confiança no processo eleitoral brasileiro.

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ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA Orientação na campanha de Lula é evitar repercutir ataques

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